Como professor e apaixonado por tecnologias, não posso
ficar alheio às noticias de “entrega de tablets”, assim no plural mesmo, que
está sendo feita pelo governo. Acredito ser de suma importância o oferecimento
de ferramentas tecnológicas para que nós professores possamos utilizá-las como
auxiliar em nossas aulas. Minha especialização é exatamente o uso de
tecnologias na educação, por isso sempre irei apoiar qualquer iniciativa neste
sentido.
Tenho certeza que o equipamento pode ter uma grande
utilidade para os professores, mas creio que cabe aqui neste artigo considerar
alguns pontos importantes.
Primeiro, embora o governo estadual queira levar os
créditos da entrega, este é um programa do MEC, ou seja, do governo federal. Segundo
não são todos os professores do ensino médio que estão recebendo, somente
aqueles que são nomeados e que atuam nos primeiros e segundos anos, portanto
muitos estão de fora.
Outro ponto importante a salientar é que se quiser
utilizar o aparelho em projetores, o professor deverá adquirir os cabos
necessários para a conexão. A sua utilização depende também da oferta de
projetores que a escola possui, normalmente muito baixa, um ou dois. Se
resolver acessar algum link da internet, será bastante lento, pois a velocidade
oferecida às escolas é mínima, em torno de 1Mb. Imagine quando vários
professores resolverem acessar ao mesmo tempo. Vídeo do YouTube? Nem pensar.
O que estou querendo dizer é que a ideia é muito boa, mas
as condições de trabalho e de utilização é que compromete o sucesso de todo o
processo de ensino. A finalidade a qual foi proposta o uso do equipamento está
fadada ao insucesso. Muitos daqueles que irão receber o tablet, não o
utilizarão em aula. Eu mesmo se tivesse recebido não o utilizaria. Continuaria
a usar o meu note, que além de possuir conexão direta com o projetor, ainda tem
a vantagem de conter todo o meu material de estudo, coisa que os 16GB do tablet
não permite. Este problema até poderia ser resolvido usando como extensão da
memória a “nuvem” (google drive e skydrive) mas acabamos no mesmo problema da
velocidade da internet.
O real uso do tablet é favorecer a mobilidade do usuário,
em outras palavras, permite que sejam acessados e-mails, notícias, redes
sociais, bancos, vídeos e pesquisas em qualquer lugar longe de seu computador.
Acredito que num futuro bem próximo, as aulas não serão
como as de hoje. O professor terá o papel de orientar os alunos na formação do
conhecimento. O professor não será o dono do saber, mas para que isso ocorra de
maneira efetiva, deverá existir a vontade educacional e não a promoção política,
à custa de falsas ideias. Deverá existir a valorização do papel do professor
como orientador fundamentado na educação tecnológica e não como uma mera figura
que representa uma decadência profissional.
Tenho certeza que alguns dos colegas irão utilizar a
ferramenta com o melhor aproveitamento possível, mas infelizmente vão ser
minoria, que normalmente sofrerão críticas severas dos colegas que se opõe ao
uso de tecnologias, que, aliás, são em grande número atualmente.
Soluções mágicas não existem, mas aos poucos, querendo ou
não, todos acabarão sucumbindo às tecnologias, seja em sala de aula ou no nosso
dia a dia, vamos ser obrigados a utilizá-las. Mas da forma como as autoridades
estão querendo inclui-las em nossas aulas, com clara finalidade eleitoreira e
ainda por cima de forma desorganizada, não teremos sucesso em aplicá-las. Estaremos
sempre um passo atrás dos alunos em termos tecnológicos.
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