5 de mai. de 2013

TABLETS E EDUCAÇÃO




            Como professor e apaixonado por tecnologias, não posso ficar alheio às noticias de “entrega de tablets”, assim no plural mesmo, que está sendo feita pelo governo. Acredito ser de suma importância o oferecimento de ferramentas tecnológicas para que nós professores possamos utilizá-las como auxiliar em nossas aulas. Minha especialização é exatamente o uso de tecnologias na educação, por isso sempre irei apoiar qualquer iniciativa neste sentido.
            Tenho certeza que o equipamento pode ter uma grande utilidade para os professores, mas creio que cabe aqui neste artigo considerar alguns pontos importantes.
            Primeiro, embora o governo estadual queira levar os créditos da entrega, este é um programa do MEC, ou seja, do governo federal. Segundo não são todos os professores do ensino médio que estão recebendo, somente aqueles que são nomeados e que atuam nos primeiros e segundos anos, portanto muitos estão de fora.
            Outro ponto importante a salientar é que se quiser utilizar o aparelho em projetores, o professor deverá adquirir os cabos necessários para a conexão. A sua utilização depende também da oferta de projetores que a escola possui, normalmente muito baixa, um ou dois. Se resolver acessar algum link da internet, será bastante lento, pois a velocidade oferecida às escolas é mínima, em torno de 1Mb. Imagine quando vários professores resolverem acessar ao mesmo tempo. Vídeo do YouTube? Nem pensar.
            O que estou querendo dizer é que a ideia é muito boa, mas as condições de trabalho e de utilização é que compromete o sucesso de todo o processo de ensino. A finalidade a qual foi proposta o uso do equipamento está fadada ao insucesso. Muitos daqueles que irão receber o tablet, não o utilizarão em aula. Eu mesmo se tivesse recebido não o utilizaria. Continuaria a usar o meu note, que além de possuir conexão direta com o projetor, ainda tem a vantagem de conter todo o meu material de estudo, coisa que os 16GB do tablet não permite. Este problema até poderia ser resolvido usando como extensão da memória a “nuvem” (google drive e skydrive) mas acabamos no mesmo problema da velocidade da internet.
            O real uso do tablet é favorecer a mobilidade do usuário, em outras palavras, permite que sejam acessados e-mails, notícias, redes sociais, bancos, vídeos e pesquisas em qualquer lugar longe de seu computador.
            Acredito que num futuro bem próximo, as aulas não serão como as de hoje. O professor terá o papel de orientar os alunos na formação do conhecimento. O professor não será o dono do saber, mas para que isso ocorra de maneira efetiva, deverá existir a vontade educacional e não a promoção política, à custa de falsas ideias. Deverá existir a valorização do papel do professor como orientador fundamentado na educação tecnológica e não como uma mera figura que representa uma decadência profissional.
            Tenho certeza que alguns dos colegas irão utilizar a ferramenta com o melhor aproveitamento possível, mas infelizmente vão ser minoria, que normalmente sofrerão críticas severas dos colegas que se opõe ao uso de tecnologias, que, aliás, são em grande número atualmente.
            Soluções mágicas não existem, mas aos poucos, querendo ou não, todos acabarão sucumbindo às tecnologias, seja em sala de aula ou no nosso dia a dia, vamos ser obrigados a utilizá-las. Mas da forma como as autoridades estão querendo inclui-las em nossas aulas, com clara finalidade eleitoreira e ainda por cima de forma desorganizada, não teremos sucesso em aplicá-las. Estaremos sempre um passo atrás dos alunos em termos tecnológicos.


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