Embora possa parecer simples o tema da avaliação, os assuntos interligados a ele são complexos, variáveis e extensos. Como sempre opto pela simplicidade[1] e objetividade, vou dividir este ensaio em quatro perguntas básicas, com suas respostas.
Partindo destes conceitos, fica claro que a necessidade de avaliar na educação é básica, tanto para o aluno, quanto para o professor. Para o aluno porque ele quer ser avaliado. Na prática, alheio a qualquer programa de reforma pedagógica que exista, o aluno quer saber se está correspondendo às expectativas dos pais ou responsáveis, as do professor e principalmente as suas próprias expectativas. Em outras palavras, se o valor estimável dele é satisfatório ou não.
A descoberta, pelo aluno, de possuir um valor estimável baixo perante o professor, e em instância final, perante a escola, poderá acarretar conseqüências muitas vezes relacionadas ao seu comportamento como aluno. Ele poderá seguir um caminho trilhado por má conduta escolar como desrespeito aos professores ou colegas. Poderá apresentar um comportamento de “submissão” ao seu baixo valor de estima, conformando-se com isto, e conseqüentemente perdendo o interesse pelo estudo[2].
De contra partida, o aluno que obtém como resposta um bom valor de estima, deseja manter este valor o mais estimável possível. Vejam que não estou usando a palavra “nota”. Na minha concepção, o termo nota se refere apenas a um número, que dependendo da escola pode valer de 0 a 100, ou 0 a 10. Mas em termos de positivo (aprovação de valor estimável) pode variar de 60 a 100 ou 6 a 10, por exemplo. E que, em termos negativos (desaprovação do valor estimável) situa-se entre 0 e 59 ou 0 e 5,9. Não existe o aluno que foi bem ou mal aprovado, da mesma forma que não concebemos que um aluno reprovou bem ou mal. Na prática o que ocorre são apenas duas variáveis, aprovado ou reprovado.
Retornando ao tema proposto, da razão de se avaliar, para o professor, existe a necessidade de verificar se os seus objetivos estão sendo alcançados pela maioria[3] dos alunos. Serve também, para comparar os objetivos do professor com os objetivos dos alunos, que em muitos casos podem ser completamente diferentes. Por exemplo, o professor querendo que o aluno use os conhecimentos para a vida, e o aluno querendo apenas passar de ano. E finalmente devemos avaliar por ser uma exigência da própria instituição a qual estamos servindo. Existe toda uma rotina burocrática que não pode ser ignorada como, por exemplo: diários, comprovante de avaliação[4], conselhos de classe entre outros.
Se abrirmos o “leque” veremos que no dia-a-dia tudo é constantemente avaliado, tudo acaba tendo um valor desde objetos até sentimentos.
O que realmente importa para uma avaliação justa e honesta para ambas as partes (professor e aluno) é que estes saibam que a nota e/ou parecer ou ainda o conceito, no final de um trimestre ou bimestre, significam simplesmente o alcance (parcial ou total) ou não dos objetivos fixados.
O que avaliamos, em síntese, são os objetivos fixados[6] . Se forem ou não atingidos pelos alunos e se foram corretamente fixados pelo professor. Recorro ao exemplo dos vendedores de uma loja: o diretor pode fixar como valor alcançável das vendas no mês, aquele conseguido pelo melhor vendedor (o mais alto é claro). Não esqueçamos que este é à exceção da regra, que todos os demais vão vender menos ficando “rotulados” como maus vendedores. Na realidade eles venderam o normal, e não o excepcional. Fixar metas com valores inalcançáveis à grande maioria só serve para gerar conflitos.
O mesmo vale para o professor, fixar objetivos inalcançáveis ou que poucos alcancem só tendem a gerar conflitos. Reparem que não estou dizendo que devamos fixar objetivos fáceis de alcançar, como no exemplo acima, se fixarmos a meta menor valor vendido, também não estaremos sendo justos. O ideal é fixar num valor que me permita avaliar se foi um bom mês de vendas ou não.
Na escola o raciocínio é o mesmo, fixemos objetivos que tenham na sua essência aquilo que queremos que nossos alunos usem para a sua vida e não para poucos momentos como um vestibular, uma prova, etc.
Atualmente existe uma tendência dos professores em não realizar mais provas (testes) conceituais. Sou contrario àqueles que somente utilizam provas para a efetiva avaliação de seus alunos, mas ainda não abro mão da realização de prova como parte da avaliação. Na realidade ainda não estamos, professores e alunos, preparados para um processo complexo destes.
O professor que opta por esse método deve possuir um completo controle dos passos avaliativos, sob pena de, no caso, o aluno não atingir um valor positivo na avaliação (reprovar), provavelmente ele, os pais ou responsáveis vão querer saber como foi feita ou foram feitas as metas. Se o professor não estiver com tudo muito bem registrado, certamente irá se complicar.
Não sei se fui claro, mas em síntese, todos estão “habituados” com a prova, que no caso de sua não utilização colocamos em dúvida o resultado dos objetivos.
Devem ser avaliados os alunos, até digo que eles (os alunos) querem ser avaliados, pois o principal objetivo dos alunos[7] é “passar de ano”. Alheio a qualquer pretensão diferente do professor, o que o aluno deseja é prosseguir nos estudos e se formar o mais rápido possível. Isto significa: profissão melhor, pais não “pegando no pé”, independência, livrar-se dos professores “chatos”, enfim, o passar de ano é vantajoso.
Deve, também, necessariamente o professor ser avaliado através dos resultados obtidos com seus alunos. Se a maioria atinge os objetivos fixados de uma forma satisfatória, então o professor apresenta um valor positivo, se a maioria não atinge estes objetivos, claramente o problema está no outro lado (professor, método, etc). Você acredita que se a maioria dos professores de uma escola fosse maus professores, com péssima didática e como conseqüência apresentasse um alto índice de reprovação a escola sobreviveria? Os meus filhos certamente não estudariam nesta escola e os seus?
Então, caro leitor, antes de nós professores ficarmos indiferentes com nossos alunos quando uma turma[8] (a maioria) vai mal quanto ao atingir objetivos, devemos repensar métodos e os próprios objetivos provavelmente o problema está justamente com a forma de trabalhar.
Considerando o que foi aqui colocado, deixo clara a minha posição no que diz respeito a quem deve ser avaliado. Tanto alunos quanto professores devem ter a mente aberta para assimilar que estão sendo avaliados e que ambos podem vir a ser reprovados.
Como já disse. Não abro mão de no mínimo realizar uma prova por trimestre valendo pelo menos 1/3 da nota final. Lógico que cada professor possui seu próprio método, mas como disse deve ser claro, com registros de tudo o que se está avaliando.
Talvez no futuro, estejamos professores e alunos, preparados para uma avaliação considerando apenas o aproveitamento sem uma prova específica. A nota teria aí um significado de conseqüência do aprendizado e não o objetivo deste. Mas, infelizmente, para o momento não há possibilidades de uma avaliação com sucesso desta forma.
O que realmente importa é a consciência de que precisamos, nós professores e alunos, buscarmos o aprimoramento de métodos e técnicas para que a avaliação não seja o objetivo do estudo, mas apenas uma conseqüência deste.
[1] Muitos colegas a confundem com “burrice” pois acham que o “inteligente” é o professor que fala difícil e complica a vida dos alunos.
[2] Usa expressões do tipo: “Não tenho mais jeito, sou burro mesmo”.
[3] Não sou pretensioso a ponto de querer uma totalidade de objetivos alcançados com todos os alunos.
[4] No caso do aluno não “passar” devemos comprovar com documentos que ele não atingiu os objetivos fixados.
[5] Existem aqueles que fixam objetivos inalcançáveis só para provar, a eles a aos alunos que são mais “inteligentes”.
[6] Podem ser fixados pelo professor junto com os alunos.
[7] A grande maioria ao menos.
[8] É a maioria mesmo. Alguns colegas se referem a turma que vai mal, considerando meia dúzia de um universo de trinta alunos.
- Por que avaliar?
- O que avaliar?
- Quem avaliar?
- Como avaliar?
- Por que avaliar?
Partindo destes conceitos, fica claro que a necessidade de avaliar na educação é básica, tanto para o aluno, quanto para o professor. Para o aluno porque ele quer ser avaliado. Na prática, alheio a qualquer programa de reforma pedagógica que exista, o aluno quer saber se está correspondendo às expectativas dos pais ou responsáveis, as do professor e principalmente as suas próprias expectativas. Em outras palavras, se o valor estimável dele é satisfatório ou não.
A descoberta, pelo aluno, de possuir um valor estimável baixo perante o professor, e em instância final, perante a escola, poderá acarretar conseqüências muitas vezes relacionadas ao seu comportamento como aluno. Ele poderá seguir um caminho trilhado por má conduta escolar como desrespeito aos professores ou colegas. Poderá apresentar um comportamento de “submissão” ao seu baixo valor de estima, conformando-se com isto, e conseqüentemente perdendo o interesse pelo estudo[2].
De contra partida, o aluno que obtém como resposta um bom valor de estima, deseja manter este valor o mais estimável possível. Vejam que não estou usando a palavra “nota”. Na minha concepção, o termo nota se refere apenas a um número, que dependendo da escola pode valer de 0 a 100, ou 0 a 10. Mas em termos de positivo (aprovação de valor estimável) pode variar de 60 a 100 ou 6 a 10, por exemplo. E que, em termos negativos (desaprovação do valor estimável) situa-se entre 0 e 59 ou 0 e 5,9. Não existe o aluno que foi bem ou mal aprovado, da mesma forma que não concebemos que um aluno reprovou bem ou mal. Na prática o que ocorre são apenas duas variáveis, aprovado ou reprovado.
Retornando ao tema proposto, da razão de se avaliar, para o professor, existe a necessidade de verificar se os seus objetivos estão sendo alcançados pela maioria[3] dos alunos. Serve também, para comparar os objetivos do professor com os objetivos dos alunos, que em muitos casos podem ser completamente diferentes. Por exemplo, o professor querendo que o aluno use os conhecimentos para a vida, e o aluno querendo apenas passar de ano. E finalmente devemos avaliar por ser uma exigência da própria instituição a qual estamos servindo. Existe toda uma rotina burocrática que não pode ser ignorada como, por exemplo: diários, comprovante de avaliação[4], conselhos de classe entre outros.
Se abrirmos o “leque” veremos que no dia-a-dia tudo é constantemente avaliado, tudo acaba tendo um valor desde objetos até sentimentos.
- O que avaliar?
O que realmente importa para uma avaliação justa e honesta para ambas as partes (professor e aluno) é que estes saibam que a nota e/ou parecer ou ainda o conceito, no final de um trimestre ou bimestre, significam simplesmente o alcance (parcial ou total) ou não dos objetivos fixados.
O que avaliamos, em síntese, são os objetivos fixados[6] . Se forem ou não atingidos pelos alunos e se foram corretamente fixados pelo professor. Recorro ao exemplo dos vendedores de uma loja: o diretor pode fixar como valor alcançável das vendas no mês, aquele conseguido pelo melhor vendedor (o mais alto é claro). Não esqueçamos que este é à exceção da regra, que todos os demais vão vender menos ficando “rotulados” como maus vendedores. Na realidade eles venderam o normal, e não o excepcional. Fixar metas com valores inalcançáveis à grande maioria só serve para gerar conflitos.
O mesmo vale para o professor, fixar objetivos inalcançáveis ou que poucos alcancem só tendem a gerar conflitos. Reparem que não estou dizendo que devamos fixar objetivos fáceis de alcançar, como no exemplo acima, se fixarmos a meta menor valor vendido, também não estaremos sendo justos. O ideal é fixar num valor que me permita avaliar se foi um bom mês de vendas ou não.
Na escola o raciocínio é o mesmo, fixemos objetivos que tenham na sua essência aquilo que queremos que nossos alunos usem para a sua vida e não para poucos momentos como um vestibular, uma prova, etc.
Atualmente existe uma tendência dos professores em não realizar mais provas (testes) conceituais. Sou contrario àqueles que somente utilizam provas para a efetiva avaliação de seus alunos, mas ainda não abro mão da realização de prova como parte da avaliação. Na realidade ainda não estamos, professores e alunos, preparados para um processo complexo destes.
O professor que opta por esse método deve possuir um completo controle dos passos avaliativos, sob pena de, no caso, o aluno não atingir um valor positivo na avaliação (reprovar), provavelmente ele, os pais ou responsáveis vão querer saber como foi feita ou foram feitas as metas. Se o professor não estiver com tudo muito bem registrado, certamente irá se complicar.
Não sei se fui claro, mas em síntese, todos estão “habituados” com a prova, que no caso de sua não utilização colocamos em dúvida o resultado dos objetivos.
- Quem avaliar?
Devem ser avaliados os alunos, até digo que eles (os alunos) querem ser avaliados, pois o principal objetivo dos alunos[7] é “passar de ano”. Alheio a qualquer pretensão diferente do professor, o que o aluno deseja é prosseguir nos estudos e se formar o mais rápido possível. Isto significa: profissão melhor, pais não “pegando no pé”, independência, livrar-se dos professores “chatos”, enfim, o passar de ano é vantajoso.
Deve, também, necessariamente o professor ser avaliado através dos resultados obtidos com seus alunos. Se a maioria atinge os objetivos fixados de uma forma satisfatória, então o professor apresenta um valor positivo, se a maioria não atinge estes objetivos, claramente o problema está no outro lado (professor, método, etc). Você acredita que se a maioria dos professores de uma escola fosse maus professores, com péssima didática e como conseqüência apresentasse um alto índice de reprovação a escola sobreviveria? Os meus filhos certamente não estudariam nesta escola e os seus?
Então, caro leitor, antes de nós professores ficarmos indiferentes com nossos alunos quando uma turma[8] (a maioria) vai mal quanto ao atingir objetivos, devemos repensar métodos e os próprios objetivos provavelmente o problema está justamente com a forma de trabalhar.
Considerando o que foi aqui colocado, deixo clara a minha posição no que diz respeito a quem deve ser avaliado. Tanto alunos quanto professores devem ter a mente aberta para assimilar que estão sendo avaliados e que ambos podem vir a ser reprovados.
- Como avaliar?
Como já disse. Não abro mão de no mínimo realizar uma prova por trimestre valendo pelo menos 1/3 da nota final. Lógico que cada professor possui seu próprio método, mas como disse deve ser claro, com registros de tudo o que se está avaliando.
Talvez no futuro, estejamos professores e alunos, preparados para uma avaliação considerando apenas o aproveitamento sem uma prova específica. A nota teria aí um significado de conseqüência do aprendizado e não o objetivo deste. Mas, infelizmente, para o momento não há possibilidades de uma avaliação com sucesso desta forma.
O que realmente importa é a consciência de que precisamos, nós professores e alunos, buscarmos o aprimoramento de métodos e técnicas para que a avaliação não seja o objetivo do estudo, mas apenas uma conseqüência deste.
[1] Muitos colegas a confundem com “burrice” pois acham que o “inteligente” é o professor que fala difícil e complica a vida dos alunos.
[2] Usa expressões do tipo: “Não tenho mais jeito, sou burro mesmo”.
[3] Não sou pretensioso a ponto de querer uma totalidade de objetivos alcançados com todos os alunos.
[4] No caso do aluno não “passar” devemos comprovar com documentos que ele não atingiu os objetivos fixados.
[5] Existem aqueles que fixam objetivos inalcançáveis só para provar, a eles a aos alunos que são mais “inteligentes”.
[6] Podem ser fixados pelo professor junto com os alunos.
[7] A grande maioria ao menos.
[8] É a maioria mesmo. Alguns colegas se referem a turma que vai mal, considerando meia dúzia de um universo de trinta alunos.