Pode parecer pretensão de minha parte falar sobre um tema tão complexo. Pode até ser, mas levando em consideração que sou quase uma unanimidade entre os alunos[1], pois eles gostam e elogiam minhas aulas e também me elogiam como amigo e professor. Acredito que posso contribuir para o aprimoramento de algum colega e ao mesmo tempo lançar as minhas idéias sobre o tema a um grupo maior de colegas.
O que pretendo aqui é relatar minha experiência de educador. Acredito que devemos compartilhar as idéias e experiências boas e más, e não guardá-las com egoísmo como se fossem uns tesouros, no caso das boas, ou uma vergonha, no caso das más. Que bobagem não é mesmo?
Comecemos pelo óbvio[2], o primeiro quesito para obtermos sucesso na “conquista” de nossos alunos é o de gostar do que se faz. Parece lógico num primeiro momento, mas não é tão simples assim, vamos analisar com calma.
Quando a pessoa é um balconista, por exemplo, talvez esteja no emprego por não ter encontrado outro trabalho. Às vezes até atende os clientes com má vontade, não que isto justifique o seu mau atendimento, mas está fazendo uma coisa que não gosta, por pura obrigação, o que vale é o salário não a satisfação pessoal de executar tarefas[3].
Mas quando se é um professor, escolhe-se esta profissão, é uma opção. O mínimo de obrigação é tentar desempenhar o nosso papel da melhor maneira possível. Quando digo “melhor maneira” não falo em perfeição, mas em dedicação. Falo do professor que quando erra, não culpa os alunos pelo erro cometido. Refiro-me ao professor que repensa métodos que não deram certo.
Gostar do que se faz é quando, por exemplo, chegamos para trabalhar mal humorados e dentro da sala de aula este quadro muda. Isto já me aconteceu muitas vezes. Mas colocando desta forma, parece que é muito fácil, chegar neste estágio de gostar do que se faz. Mas para chegar aí fiz muita coisa antes de ser professor[4]. Trabalhei com contabilidade, vendas de material hidráulico, Office boy, peças de veículos. Não que eu tenha tido frustrações nestas funções, mas em nenhum eu senti o gosto da realização profissional que sinto como professor. Provavelmente escreveria outro ensaio sobre o assunto.
Um segundo ponto a ser considerado nesta conquista do aluno, é o conhecimento amplo dos assuntos que serão abordados na aula. Resumindo, deve-se dominar o assunto para que não demonstre insegurança. O professor acaba transferindo esta insegurança para o próprio aluno. Quando escrevo amplo, refiro-me a atualização constante e a interdisciplinaridade dos temas. Não podemos admitir, hoje, que um professor fique restrito ao “seu mundo”, dedicando-se exclusivamente a sua matéria.
Com a velocidade da informação que existe hoje, é ponto básico estarmos constantemente nos atualizando seja através de publicações (revistas, jornais, artigos científicos[5]·, etc.), do rádio e TV e principalmente pela internet. Ressalto este último por ser o mais utilizado pelos próprios alunos. O professor não deve ter medo do computador e muito menos de temer ousar com idéias novas, usando as informações atuais.
Pode ocorrer, ainda, o caso do professor que até tenta utilizar uma nova tecnologia, mas por não saber manuseá-la, o “tiro” acaba saindo pela “culatra”. Exemplifico: O colega resolve fazer uma pesquisa com os alunos utilizando a Internet. Como o “profe” não tem muitos conhecimentos sobre o assunto, os alunos enrolam, fazendo de conta que estão pesquisando, mas na prática estão no Orkut, MSN, etc. È obvio que se o professor tem conhecimento, verá imediatamente a barra minimizada e além de fechar irá descontar ponto pois é uma atividade feita em aula.
Às vezes, mesmo tendo conhecimento do assunto, o professor deixa de usar novas técnicas com receio de que não funcionem como o esperado. A certeza disto só poderá ser confirmada se aplicada à técnica. Eu já apliquei novas técnicas que deram erradas, inicialmente o susto inevitável e uma pontinha de decepção, mas o que fiz foi reciclá-las ou até abandoná-las.
Cabe salientar que estas atividades podem funcionar muito bem com uma turma e não funcionar com outra. O importante é não abandonar completamente a “vontade de mudança”, lógico que devemos mudar o que não esta funcionando como seria o ideal. Mudar, só por mudar, não resolve problemas.
O terceiro ponto em que podemos conquistar o nosso aluno de uma importância impar, que é o do professor não permanecer num pedestal. Se ele se posiciona num degrau muito acima, não permite que o aluno o alcance.
O professor deve usar uma linguagem simples, sem abandonar a linguagem técnica básica do assunto. Um bom caminho é o uso de analogias. Campo que sou fã e que obtenho relativo sucesso para o entendimento do assunto, principalmente mais complexo, como citologia por exemplo.
O “profe” que faz questão de “saber mais” que o aluno, posicionando-se num degrau muito acima e longe do alcance do aluno, certamente não terá sucesso na sua tarefa de educador, será apenas mais um dos “mestres deuses” inalcançáveis que se dizem donos do saber.
O ponto é o professor mostrar para o aluno que ele é uma pessoa normal, que erra e que tem sentimentos[6]. Acabará sendo visto como uma pessoa normal que estudou um pouquinho mais que o aluno e não um deus onde devemos crer em tudo o que fala.
Até agora não falei em conhecimento do assunto especifico a ser abordado, por pensar que isso é tão óbvio que não vejo necessidade deste tipo de abordagem, pelo menos neste ensaio.
Outro aspecto importante para a conquista do aluno é tornar as aulas interessantes, pelo menos a maioria. Quando o aluno gosta, aprende, quando aprende, gosta. Até hoje só aprendi o que gostei.
Este gostar da aula envolve, basicamente, o uso prático daquilo que o aluno está aprendendo. Se, enquanto professor, não puder demonstrar um motivo para o aluno aprender, ele, o aluno, não irá demonstrar interesse em aprender. Esta falta de interesse poderá ser somatizada em atitudes como a conversa, excesso de faltas, a agressividade e o deboche.
Quero deixar claro, que nem sempre o aluno que age assim, age por culpa do professor. O causador da falta de interesse poder ser problemas particulares[7] ou por uma escolha de opção em que o estudo não faça parte dos objetivos.
Caracteriza o problema da falta de interesse por “culpa do professor” quando um grupo maior de alunos demonstrarem as atitudes mencionadas anteriormente e não atitudes isoladas de alunos[8].
Quando o estudo não estiver “agradando” uma boa forma de resolver o problema, é negociando novas formas de ensino com os alunos. Com isso, haverá o comprometimento das partes envolvidas, o aluno e o professor.
Como ultimo ponto, não menos importante, está o relacionamento aluno-professor e vice-versa. A partir do momento que houver uma relação de amizade entre ambos, o ensino e a aprendizagem serão muito mais prazerosos e eficientes. Conheço colegas que tem medo de se mostrar como amigo de aluno. Chegam a achar até que é um sinal de fraqueza.
Quando a relação é entre amigos, tudo se torna mais fácil e com mais confiança, não é mesmo?
Gosto de usar o exemplo do vendedor da loja: se você entra numa loja qualquer para comprar roupas, por exemplo, e entre os balconistas estiver um que é seu amigo ou conhecido, certamente você irá escolhê-lo para lhe atender. Ele poder ser, casualmente, o vendedor que menos conhece os produtos, mas sendo seu conhecido, é a ele que você irá se dirigir. Sendo uma pessoa conhecida, você julga que será mais bem atendido.
O aluno sendo seu amigo, não é garantia que não ocorram “brigas”, mas elas certamente serão mais “solucionáveis” se forem entre amigos. A negociação de “paz” será mais fácil. Nunca esqueça de que amigo não é aquele que sempre diz sim.
Não apresentei aqui uma solução mágica para o problema, da conquista do aluno, pois aprendi que quanto mais soluções procuramos, mais problemas aparecem, mas foi minha intenção lançar a semente para um novo relacionamento entre o professor e o aluno que encontram dificuldade neste tema.
Abordei o tema de forma resumida, pois minha primeira idéia é a de levantar os assuntos abordados para discussão em grupo de professores, porque várias cabeças sempre vão pensar melhor que uma não é verdade?
Finalmente gostaria de dizer que não existem professores perfeitos muito menos alunos perfeitos. Cometemos erros e acertos, mas o principal de tudo é que procuremos realizar a nossa função da melhor maneira possível, se não diariamente, pelo menos na maior parte do tempo.
[1] Eu diria 98%, não se pode agradar a todos, pois nem Cristo conseguiu.
[2] Que sempre deverá ser dito por mais desnecessário que pareça.
[3] Lógico que os dois objetivos sendo satisfeitos é o ideal.
[4] Provavelmente escreveria outro ensaio sobre o tema.
[5] Quantos lêem será?
[6] Não exagerar neste ponto com problemas pessoais, pois a sala de aula não é consultório psiquiátrico.
[7] Principalmente familiares.
[8] Normalmente um ou dois.
O que pretendo aqui é relatar minha experiência de educador. Acredito que devemos compartilhar as idéias e experiências boas e más, e não guardá-las com egoísmo como se fossem uns tesouros, no caso das boas, ou uma vergonha, no caso das más. Que bobagem não é mesmo?
Comecemos pelo óbvio[2], o primeiro quesito para obtermos sucesso na “conquista” de nossos alunos é o de gostar do que se faz. Parece lógico num primeiro momento, mas não é tão simples assim, vamos analisar com calma.
Quando a pessoa é um balconista, por exemplo, talvez esteja no emprego por não ter encontrado outro trabalho. Às vezes até atende os clientes com má vontade, não que isto justifique o seu mau atendimento, mas está fazendo uma coisa que não gosta, por pura obrigação, o que vale é o salário não a satisfação pessoal de executar tarefas[3].
Mas quando se é um professor, escolhe-se esta profissão, é uma opção. O mínimo de obrigação é tentar desempenhar o nosso papel da melhor maneira possível. Quando digo “melhor maneira” não falo em perfeição, mas em dedicação. Falo do professor que quando erra, não culpa os alunos pelo erro cometido. Refiro-me ao professor que repensa métodos que não deram certo.
Gostar do que se faz é quando, por exemplo, chegamos para trabalhar mal humorados e dentro da sala de aula este quadro muda. Isto já me aconteceu muitas vezes. Mas colocando desta forma, parece que é muito fácil, chegar neste estágio de gostar do que se faz. Mas para chegar aí fiz muita coisa antes de ser professor[4]. Trabalhei com contabilidade, vendas de material hidráulico, Office boy, peças de veículos. Não que eu tenha tido frustrações nestas funções, mas em nenhum eu senti o gosto da realização profissional que sinto como professor. Provavelmente escreveria outro ensaio sobre o assunto.
Um segundo ponto a ser considerado nesta conquista do aluno, é o conhecimento amplo dos assuntos que serão abordados na aula. Resumindo, deve-se dominar o assunto para que não demonstre insegurança. O professor acaba transferindo esta insegurança para o próprio aluno. Quando escrevo amplo, refiro-me a atualização constante e a interdisciplinaridade dos temas. Não podemos admitir, hoje, que um professor fique restrito ao “seu mundo”, dedicando-se exclusivamente a sua matéria.
Com a velocidade da informação que existe hoje, é ponto básico estarmos constantemente nos atualizando seja através de publicações (revistas, jornais, artigos científicos[5]·, etc.), do rádio e TV e principalmente pela internet. Ressalto este último por ser o mais utilizado pelos próprios alunos. O professor não deve ter medo do computador e muito menos de temer ousar com idéias novas, usando as informações atuais.
Pode ocorrer, ainda, o caso do professor que até tenta utilizar uma nova tecnologia, mas por não saber manuseá-la, o “tiro” acaba saindo pela “culatra”. Exemplifico: O colega resolve fazer uma pesquisa com os alunos utilizando a Internet. Como o “profe” não tem muitos conhecimentos sobre o assunto, os alunos enrolam, fazendo de conta que estão pesquisando, mas na prática estão no Orkut, MSN, etc. È obvio que se o professor tem conhecimento, verá imediatamente a barra minimizada e além de fechar irá descontar ponto pois é uma atividade feita em aula.
Às vezes, mesmo tendo conhecimento do assunto, o professor deixa de usar novas técnicas com receio de que não funcionem como o esperado. A certeza disto só poderá ser confirmada se aplicada à técnica. Eu já apliquei novas técnicas que deram erradas, inicialmente o susto inevitável e uma pontinha de decepção, mas o que fiz foi reciclá-las ou até abandoná-las.
Cabe salientar que estas atividades podem funcionar muito bem com uma turma e não funcionar com outra. O importante é não abandonar completamente a “vontade de mudança”, lógico que devemos mudar o que não esta funcionando como seria o ideal. Mudar, só por mudar, não resolve problemas.
O terceiro ponto em que podemos conquistar o nosso aluno de uma importância impar, que é o do professor não permanecer num pedestal. Se ele se posiciona num degrau muito acima, não permite que o aluno o alcance.
O professor deve usar uma linguagem simples, sem abandonar a linguagem técnica básica do assunto. Um bom caminho é o uso de analogias. Campo que sou fã e que obtenho relativo sucesso para o entendimento do assunto, principalmente mais complexo, como citologia por exemplo.
O “profe” que faz questão de “saber mais” que o aluno, posicionando-se num degrau muito acima e longe do alcance do aluno, certamente não terá sucesso na sua tarefa de educador, será apenas mais um dos “mestres deuses” inalcançáveis que se dizem donos do saber.
O ponto é o professor mostrar para o aluno que ele é uma pessoa normal, que erra e que tem sentimentos[6]. Acabará sendo visto como uma pessoa normal que estudou um pouquinho mais que o aluno e não um deus onde devemos crer em tudo o que fala.
Até agora não falei em conhecimento do assunto especifico a ser abordado, por pensar que isso é tão óbvio que não vejo necessidade deste tipo de abordagem, pelo menos neste ensaio.
Outro aspecto importante para a conquista do aluno é tornar as aulas interessantes, pelo menos a maioria. Quando o aluno gosta, aprende, quando aprende, gosta. Até hoje só aprendi o que gostei.
Este gostar da aula envolve, basicamente, o uso prático daquilo que o aluno está aprendendo. Se, enquanto professor, não puder demonstrar um motivo para o aluno aprender, ele, o aluno, não irá demonstrar interesse em aprender. Esta falta de interesse poderá ser somatizada em atitudes como a conversa, excesso de faltas, a agressividade e o deboche.
Quero deixar claro, que nem sempre o aluno que age assim, age por culpa do professor. O causador da falta de interesse poder ser problemas particulares[7] ou por uma escolha de opção em que o estudo não faça parte dos objetivos.
Caracteriza o problema da falta de interesse por “culpa do professor” quando um grupo maior de alunos demonstrarem as atitudes mencionadas anteriormente e não atitudes isoladas de alunos[8].
Quando o estudo não estiver “agradando” uma boa forma de resolver o problema, é negociando novas formas de ensino com os alunos. Com isso, haverá o comprometimento das partes envolvidas, o aluno e o professor.
Como ultimo ponto, não menos importante, está o relacionamento aluno-professor e vice-versa. A partir do momento que houver uma relação de amizade entre ambos, o ensino e a aprendizagem serão muito mais prazerosos e eficientes. Conheço colegas que tem medo de se mostrar como amigo de aluno. Chegam a achar até que é um sinal de fraqueza.
Quando a relação é entre amigos, tudo se torna mais fácil e com mais confiança, não é mesmo?
Gosto de usar o exemplo do vendedor da loja: se você entra numa loja qualquer para comprar roupas, por exemplo, e entre os balconistas estiver um que é seu amigo ou conhecido, certamente você irá escolhê-lo para lhe atender. Ele poder ser, casualmente, o vendedor que menos conhece os produtos, mas sendo seu conhecido, é a ele que você irá se dirigir. Sendo uma pessoa conhecida, você julga que será mais bem atendido.
O aluno sendo seu amigo, não é garantia que não ocorram “brigas”, mas elas certamente serão mais “solucionáveis” se forem entre amigos. A negociação de “paz” será mais fácil. Nunca esqueça de que amigo não é aquele que sempre diz sim.
Não apresentei aqui uma solução mágica para o problema, da conquista do aluno, pois aprendi que quanto mais soluções procuramos, mais problemas aparecem, mas foi minha intenção lançar a semente para um novo relacionamento entre o professor e o aluno que encontram dificuldade neste tema.
Abordei o tema de forma resumida, pois minha primeira idéia é a de levantar os assuntos abordados para discussão em grupo de professores, porque várias cabeças sempre vão pensar melhor que uma não é verdade?
Finalmente gostaria de dizer que não existem professores perfeitos muito menos alunos perfeitos. Cometemos erros e acertos, mas o principal de tudo é que procuremos realizar a nossa função da melhor maneira possível, se não diariamente, pelo menos na maior parte do tempo.
[1] Eu diria 98%, não se pode agradar a todos, pois nem Cristo conseguiu.
[2] Que sempre deverá ser dito por mais desnecessário que pareça.
[3] Lógico que os dois objetivos sendo satisfeitos é o ideal.
[4] Provavelmente escreveria outro ensaio sobre o tema.
[5] Quantos lêem será?
[6] Não exagerar neste ponto com problemas pessoais, pois a sala de aula não é consultório psiquiátrico.
[7] Principalmente familiares.
[8] Normalmente um ou dois.
Nenhum comentário:
Postar um comentário