Qual a real contribuição do trabalho em grupo, atualmente, para o aprendizado do aluno?
Eis aí um questionamento cuja resposta não é tão simples quanto parece.
Provavelmente você dirá que esta atividade estimula o cooperativismo e a vida social do aluno. Dirá, que esta atividade torna o aluno mais participativo e que ele (o aluno) constrói o saber. Realmente para uma minoria estes argumentos seriam válidos. Como normalmente eu não trabalho com a exceção da regra, vou considerar a maioria dos alunos.
O que pretendo com este artigo é abordar um lado não tão nobre e nem tão educativo da atividade do trabalho em grupo. Não são idéias que “caíram do céu”, são idéias baseadas e argumentadas em minhas experiências como aluno[1] e de professor do ensino fundamental e médio.
Para melhor compreensão deste tema, sugiro dividi-lo em dois pontos principais: A visão do aluno sobre o trabalho em grupo e a visão do professor para o trabalho em grupo.
A Visão do Aluno
A atividade em grupo significa para a maioria dos alunos como uma nota fácil, onde lucrará fazendo pouco[2]. Normalmente, cada componente do grupo fica responsável por determinada parte do assunto geral. E muitas vezes sem ter conhecimento do tema dos outros componentes do grupo. Na prática o que acontece e que o aluno apenas conhece fragmentos do assunto e não a sua idéia central, e que no final, será obrigatoriamente abordada pelo professor. Com a facilidade dos computadores e da internet, os alunos nem estão mais se reunindo para o trabalho em grupo, cada um faz uma parte separada, após juntam tudo e entregam. Este trabalho, na minha visão não é em grupo, mas de forma individual.
Esta situação pode ser agravada, no caso de ser solicitada a apresentação deste trabalho em forma de seminário. Para ilustrar melhor vou recorrer a um exemplo. Recentemente, na universidade, houve um seminário onde os grupos, em sua maioria, eram compostos de 5 a 7 componentes. Cada grupo possuía 20 minutos para a apresentação do tema. Aconteceu o óbvio, devido ao grande numero de componentes e ao pouco tempo disponível, alguns grupos apresentaram superficialmente o tema, onde não houve entendimento dos colegas. Em outros grupos, os primeiros alunos apresentaram durante muito tempo, não sobrando tempo para os restantes apresentarem[3]. Vejam que não estou abordando a forma como foi apresentado o seminário (simples leitura, sem domínio do tema).
Este exemplo ilustra uma serie de enganos que existe na atividade do trabalho em grupo. Vejamos: o professor errou ao permitir grande quantidade de alunos para um trabalho que deveria ser apresentado em 20 minutos. Para um grupo de 5 componentes, restariam 4 minutos para cada um. Muito pouco tempo para algo proveitoso. A técnica para avaliar a apresentação foi boa, o professor fazia perguntas para um aluno, sobre o tema do outro componente do grupo. Muitos não souberam responder, devido a individualidade já mencionada anteriormente.
Os alunos erraram no que diz respeito a forma da confecção do trabalho, onde a preocupação de tirar uma boa nota foi individual e não do grupo.
Mas vamos mais a fundo neste exemplo. E se o professor tivesse instruído os alunos sobre as formas de se apresentar um seminário? Ou ao menos que ele tivesse a preocupação de alertar, direcionando a forma de se realizar uma pesquisa em grupo?
Na minha opinião, muitas das atividades estão sendo deixadas para os alunos, sem que se indique caminhos para que ele percorra ate o seu objetivo. Muitos colegas deixam os alunos a ver navios, baseados no construtivismo ou outra idéia da nova educação, deixando-os mais perdidos ainda. Se o trabalho em grupo, seja apenas escrito ou forma de seminário, não for direcionado para o objetivo proposto pelo professor, provavelmente não cumprirá o seu papel.
Quero deixar claro que as idéias de construtivismo e outras são muito boas, mas desde que interpretadas corretamente. Acredito que as melhores técnicas para a educação estão no equilíbrio do que é bom da “velha” e da “nova” educação.
Outro ponto negativo do trabalho em grupo é aquele em que um de seus elementos possua um forte poder de liderança e acaba direcionando todo o trabalho para o seu gosto, desde o ponto do assunto de seu interesse até ao método utilizado para o desenvolvimento da atividade. Isto acarreta dois problemas sérios: o primeiro é porque inibe a manifestação dos demais colegas, que acabam sucumbindo aos desejos do líder. Com isto muitas idéias boas não são se quer mencionadas. O segundo problema é aquele em que o líder, no caso de apresentação, sempre passa a “impressão” que sabe mais que os outros componentes do grupo. Muitas vezes até interrompe a apresentação dos colegas para acrescentar idéias, o que deixa o colega “sem graça” na presença do professor.
Há ainda aqueles alunos mais “deitados” que procuram os alunos mais dedicados para realizar a atividade em grupo com a intenção de não fazer nada, pois sabem que os outros para não se prejudicarem acabam realizando os trabalhos sozinhos mesmo e colocando o nome dos “deitados”.
Uma outra situação negativa, ainda, é quando os alunos formam grupos por afinidade de conhecimentos. Os “mais”[4] inteligentes formam grupos entre si, deixando os “menos” inteligentes formar outros grupos. Não que um seja produtor de trabalho melhor do que o outro, mas pode ocorrer em que o grupo com os menos dedicados não se esforce tanto por saber que os outros apresentarão um melhor trabalho (mais elaborado) e ganharão a melhor nota[5].
Finalizando esta etapa, para o aluno, o trabalho de grupo é apenas mais uma exigência feita pelo professor para tirar uma nota[6] e passar de ano. Muitas vezes o trabalho de grupo é encarado pelo aluno como uma maneira na qual o professor deixa de dar aula, fazendo com que ele (o aluno) trabalhe. O que, infelizmente, em alguns casos é verdade.
A Visão do Professor
Para o professor o trabalho de grupo é uma maneira de se variar os métodos de avaliação. Também é uma forma que muitos professores encontraram em “cumprir” o programa (conteúdos) da sua matéria de uma forma mais rápida, pois podem abranger extensos temas em poucas aulas.
Insisto em dizer que estou falando do que é normal, não das exceções, onde poderíamos incluir os professores que realmente conseguem realizar uma atividade de grupo atingindo os objetivos ditos, nobres e também aqueles que nunca fazem trabalhos em grupo.
Considerando o que coloquei até agora, concluo que o trabalho de grupo apenas cumpre parcialmente os objetivos propostos, atingindo um pequeno grupo de alunos, quando o ideal seria, no mínimo, o oposto. O trabalho em grupo está muito deslocado de sua real utilidade, já citada no inicio deste ensaio.
Eu tenho passado por algumas experiências não muito agradáveis com atividades realizadas em grupo, tanto como professor quanto como aluno. Como aluno de forma geral, vejo muitos colegas preocupados apenas com a nota para passar o semestre. As apresentações são feitas para os professores e não para os colegas, o que é um erro. Como professor, noto que a maioria dos alunos, embora pertençam a um grupo, trabalham de forma individualizada, desde a pesquisa até a apresentação. No ensino fundamental existe maior participação dos membros do grupo, mas ainda noto muita “individualidade” na apresentação e ate na entrega do trabalho escrito. Já recebi trabalho de grupo onde cada o aluno indicou a parte que fez[7].
Finalizando o bloco de criticas ao trabalho de grupo, pois pretendo apresentar sugestões para contornar os problemas, necessito falar sobre a avaliação dos trabalhos em grupo. De maneira geral e objetiva, acredito que na maioria dos casos ocorrem injustiças no método de avaliar o grupo.
Dos métodos que chamo de negativos, cito o exemplo em que o trabalho escrito e a apresentação são avaliados de forma única, onde todos os elementos recebem a mesma “nota”. Acharia mais justo que o trabalho escrito seja avaliado de forma geral para o grupo[8], desde que o trabalho escrito não seja elaborado em aula[9], e as apresentações em forma de seminário sejam avaliadas de maneira individual.
Aproveitando o “gancho” desta sugestão, inicio aqui uma série de “dicas” de atividades em grupo testadas por este professor, embora não de modo conclusivo, em algumas turmas. Para melhor entendimento separei as sugestões em blocos.
Ø Quanto ao número de componentes:
Não deve ultrapassar a três alunos, principalmente se a atividade for feita em sala de aula. Normalmente um número maior de alunos acaba conversando entre si[10]. Cito o exemplo de um grupo com quatro indivíduos onde dois trabalham e dois conversam. Com três alunos fica mais difícil a conversa, porque um não quer trabalhar sozinho. Não podemos esquecer que podem existir alunos que não conseguem trabalhar em grupo, devemos abrir o espaço para o trabalho individual. Eu tive alunos que se saíram muito melhor quando redigiram e apresentaram o trabalho de maneira individual. A avaliação para um grupo de três indivíduos fica muita mais fácil e não sujeita a injustiças.
Ø Quanto aos temas:
Devemos evitar ao máximo temas óbvios, como, por exemplo, conceitos[11], fica a impressão que o professor quer “economizar” aulas. O ideal é um assunto relacionado à atualidade e ao tema tratado em aula. Um exemplo é a pesquisa sobre biotecnologia, quando falamos em genética. Ou ainda o assunto sexualidade, quando tratamos do tema reprodução.
É muito útil e importante que o professor determine o procedimento para a realização do trabalho, o que deve aparecer na parte escrita[12] e as opções de apresentação. Se o professor deixar um tema muito amplo, certamente os alunos se sentirão perdidos e, em muitos casos, acabam abordando temas que não apresentam uma lógica para o entendimento do professor e dos colegas. Uma boa forma de organizar os assuntos é através de perguntas subjetivas. Como exemplo volto ao tema genético aonde o assunto para a pesquisa poderia ser a clonagem. Como o assunto é amplo, poderia reduzi-lo as perguntas: 1) Como se faz uma clonagem?; 2) Quais as vantagens e desvantagens da clonagem?; 3) Quais as conseqüências sociais e morais da clonagem humana?
Repare que o que fiz foi apenas limitar o espaço a ser pesquisado, pois o tema é muito mais amplo.
Ainda a um ponto muito importante para que o trabalho em grupo seja apenas escrito ou em forma de seminário não perca a sua função, abordada no inicio deste ensaio. O ponto é relativo ao tempo disponibilizado para a realização e apresentação. Se o tema é longo, não adianta dar 10 minutos para a apresentação e se o tema é breve, também não resolve disponibilizar 20 minutos. Deve haver uma coerência entre o grupo, o assunto e o tempo para a realização da tarefa.
Concluindo este breve ensaio, quero deixar claro que não sou o dono da verdade, e dependendo do grupo ou até da turma, as atividades não saem como o esperado. O que fiz foi colocar pontos negativos e sugestões para que se tornem positivos. São sugestões testadas e que acredito quando aplicadas ao grande grupo, terão um relativo sucesso.
[1] Tenho mais horas como aluno do que urubu de vôo.
[2] O melhor é ir direto ao assunto, sem rodeios.
[3] Bota individualismo nisso!
[4] Uso as aspas por não concordar com estas classificações.
[5] Já presenciei atitudes desta natureza em minhas aulas.
[6] Para alguns nota fácil.
[7] Que absurdo não é mesmo?
[8] Não podemos saber quem trabalhou ou não.
[9] Neste caso, pode-se avaliar de forma diferencial a parte escrita;
[10] Assuntos alheios ao trabalho, é claro.
[11] Estes temas são de abordagem em aula.
[12] Este ponto delimita os pontos de abordagem, para que o aluno não se prolongue muito em detalhas pouco importantes para o momento.
Eis aí um questionamento cuja resposta não é tão simples quanto parece.
Provavelmente você dirá que esta atividade estimula o cooperativismo e a vida social do aluno. Dirá, que esta atividade torna o aluno mais participativo e que ele (o aluno) constrói o saber. Realmente para uma minoria estes argumentos seriam válidos. Como normalmente eu não trabalho com a exceção da regra, vou considerar a maioria dos alunos.
O que pretendo com este artigo é abordar um lado não tão nobre e nem tão educativo da atividade do trabalho em grupo. Não são idéias que “caíram do céu”, são idéias baseadas e argumentadas em minhas experiências como aluno[1] e de professor do ensino fundamental e médio.
Para melhor compreensão deste tema, sugiro dividi-lo em dois pontos principais: A visão do aluno sobre o trabalho em grupo e a visão do professor para o trabalho em grupo.
A Visão do Aluno
A atividade em grupo significa para a maioria dos alunos como uma nota fácil, onde lucrará fazendo pouco[2]. Normalmente, cada componente do grupo fica responsável por determinada parte do assunto geral. E muitas vezes sem ter conhecimento do tema dos outros componentes do grupo. Na prática o que acontece e que o aluno apenas conhece fragmentos do assunto e não a sua idéia central, e que no final, será obrigatoriamente abordada pelo professor. Com a facilidade dos computadores e da internet, os alunos nem estão mais se reunindo para o trabalho em grupo, cada um faz uma parte separada, após juntam tudo e entregam. Este trabalho, na minha visão não é em grupo, mas de forma individual.
Esta situação pode ser agravada, no caso de ser solicitada a apresentação deste trabalho em forma de seminário. Para ilustrar melhor vou recorrer a um exemplo. Recentemente, na universidade, houve um seminário onde os grupos, em sua maioria, eram compostos de 5 a 7 componentes. Cada grupo possuía 20 minutos para a apresentação do tema. Aconteceu o óbvio, devido ao grande numero de componentes e ao pouco tempo disponível, alguns grupos apresentaram superficialmente o tema, onde não houve entendimento dos colegas. Em outros grupos, os primeiros alunos apresentaram durante muito tempo, não sobrando tempo para os restantes apresentarem[3]. Vejam que não estou abordando a forma como foi apresentado o seminário (simples leitura, sem domínio do tema).
Este exemplo ilustra uma serie de enganos que existe na atividade do trabalho em grupo. Vejamos: o professor errou ao permitir grande quantidade de alunos para um trabalho que deveria ser apresentado em 20 minutos. Para um grupo de 5 componentes, restariam 4 minutos para cada um. Muito pouco tempo para algo proveitoso. A técnica para avaliar a apresentação foi boa, o professor fazia perguntas para um aluno, sobre o tema do outro componente do grupo. Muitos não souberam responder, devido a individualidade já mencionada anteriormente.
Os alunos erraram no que diz respeito a forma da confecção do trabalho, onde a preocupação de tirar uma boa nota foi individual e não do grupo.
Mas vamos mais a fundo neste exemplo. E se o professor tivesse instruído os alunos sobre as formas de se apresentar um seminário? Ou ao menos que ele tivesse a preocupação de alertar, direcionando a forma de se realizar uma pesquisa em grupo?
Na minha opinião, muitas das atividades estão sendo deixadas para os alunos, sem que se indique caminhos para que ele percorra ate o seu objetivo. Muitos colegas deixam os alunos a ver navios, baseados no construtivismo ou outra idéia da nova educação, deixando-os mais perdidos ainda. Se o trabalho em grupo, seja apenas escrito ou forma de seminário, não for direcionado para o objetivo proposto pelo professor, provavelmente não cumprirá o seu papel.
Quero deixar claro que as idéias de construtivismo e outras são muito boas, mas desde que interpretadas corretamente. Acredito que as melhores técnicas para a educação estão no equilíbrio do que é bom da “velha” e da “nova” educação.
Outro ponto negativo do trabalho em grupo é aquele em que um de seus elementos possua um forte poder de liderança e acaba direcionando todo o trabalho para o seu gosto, desde o ponto do assunto de seu interesse até ao método utilizado para o desenvolvimento da atividade. Isto acarreta dois problemas sérios: o primeiro é porque inibe a manifestação dos demais colegas, que acabam sucumbindo aos desejos do líder. Com isto muitas idéias boas não são se quer mencionadas. O segundo problema é aquele em que o líder, no caso de apresentação, sempre passa a “impressão” que sabe mais que os outros componentes do grupo. Muitas vezes até interrompe a apresentação dos colegas para acrescentar idéias, o que deixa o colega “sem graça” na presença do professor.
Há ainda aqueles alunos mais “deitados” que procuram os alunos mais dedicados para realizar a atividade em grupo com a intenção de não fazer nada, pois sabem que os outros para não se prejudicarem acabam realizando os trabalhos sozinhos mesmo e colocando o nome dos “deitados”.
Uma outra situação negativa, ainda, é quando os alunos formam grupos por afinidade de conhecimentos. Os “mais”[4] inteligentes formam grupos entre si, deixando os “menos” inteligentes formar outros grupos. Não que um seja produtor de trabalho melhor do que o outro, mas pode ocorrer em que o grupo com os menos dedicados não se esforce tanto por saber que os outros apresentarão um melhor trabalho (mais elaborado) e ganharão a melhor nota[5].
Finalizando esta etapa, para o aluno, o trabalho de grupo é apenas mais uma exigência feita pelo professor para tirar uma nota[6] e passar de ano. Muitas vezes o trabalho de grupo é encarado pelo aluno como uma maneira na qual o professor deixa de dar aula, fazendo com que ele (o aluno) trabalhe. O que, infelizmente, em alguns casos é verdade.
A Visão do Professor
Para o professor o trabalho de grupo é uma maneira de se variar os métodos de avaliação. Também é uma forma que muitos professores encontraram em “cumprir” o programa (conteúdos) da sua matéria de uma forma mais rápida, pois podem abranger extensos temas em poucas aulas.
Insisto em dizer que estou falando do que é normal, não das exceções, onde poderíamos incluir os professores que realmente conseguem realizar uma atividade de grupo atingindo os objetivos ditos, nobres e também aqueles que nunca fazem trabalhos em grupo.
Considerando o que coloquei até agora, concluo que o trabalho de grupo apenas cumpre parcialmente os objetivos propostos, atingindo um pequeno grupo de alunos, quando o ideal seria, no mínimo, o oposto. O trabalho em grupo está muito deslocado de sua real utilidade, já citada no inicio deste ensaio.
Eu tenho passado por algumas experiências não muito agradáveis com atividades realizadas em grupo, tanto como professor quanto como aluno. Como aluno de forma geral, vejo muitos colegas preocupados apenas com a nota para passar o semestre. As apresentações são feitas para os professores e não para os colegas, o que é um erro. Como professor, noto que a maioria dos alunos, embora pertençam a um grupo, trabalham de forma individualizada, desde a pesquisa até a apresentação. No ensino fundamental existe maior participação dos membros do grupo, mas ainda noto muita “individualidade” na apresentação e ate na entrega do trabalho escrito. Já recebi trabalho de grupo onde cada o aluno indicou a parte que fez[7].
Finalizando o bloco de criticas ao trabalho de grupo, pois pretendo apresentar sugestões para contornar os problemas, necessito falar sobre a avaliação dos trabalhos em grupo. De maneira geral e objetiva, acredito que na maioria dos casos ocorrem injustiças no método de avaliar o grupo.
Dos métodos que chamo de negativos, cito o exemplo em que o trabalho escrito e a apresentação são avaliados de forma única, onde todos os elementos recebem a mesma “nota”. Acharia mais justo que o trabalho escrito seja avaliado de forma geral para o grupo[8], desde que o trabalho escrito não seja elaborado em aula[9], e as apresentações em forma de seminário sejam avaliadas de maneira individual.
Aproveitando o “gancho” desta sugestão, inicio aqui uma série de “dicas” de atividades em grupo testadas por este professor, embora não de modo conclusivo, em algumas turmas. Para melhor entendimento separei as sugestões em blocos.
Ø Quanto ao número de componentes:
Não deve ultrapassar a três alunos, principalmente se a atividade for feita em sala de aula. Normalmente um número maior de alunos acaba conversando entre si[10]. Cito o exemplo de um grupo com quatro indivíduos onde dois trabalham e dois conversam. Com três alunos fica mais difícil a conversa, porque um não quer trabalhar sozinho. Não podemos esquecer que podem existir alunos que não conseguem trabalhar em grupo, devemos abrir o espaço para o trabalho individual. Eu tive alunos que se saíram muito melhor quando redigiram e apresentaram o trabalho de maneira individual. A avaliação para um grupo de três indivíduos fica muita mais fácil e não sujeita a injustiças.
Ø Quanto aos temas:
Devemos evitar ao máximo temas óbvios, como, por exemplo, conceitos[11], fica a impressão que o professor quer “economizar” aulas. O ideal é um assunto relacionado à atualidade e ao tema tratado em aula. Um exemplo é a pesquisa sobre biotecnologia, quando falamos em genética. Ou ainda o assunto sexualidade, quando tratamos do tema reprodução.
É muito útil e importante que o professor determine o procedimento para a realização do trabalho, o que deve aparecer na parte escrita[12] e as opções de apresentação. Se o professor deixar um tema muito amplo, certamente os alunos se sentirão perdidos e, em muitos casos, acabam abordando temas que não apresentam uma lógica para o entendimento do professor e dos colegas. Uma boa forma de organizar os assuntos é através de perguntas subjetivas. Como exemplo volto ao tema genético aonde o assunto para a pesquisa poderia ser a clonagem. Como o assunto é amplo, poderia reduzi-lo as perguntas: 1) Como se faz uma clonagem?; 2) Quais as vantagens e desvantagens da clonagem?; 3) Quais as conseqüências sociais e morais da clonagem humana?
Repare que o que fiz foi apenas limitar o espaço a ser pesquisado, pois o tema é muito mais amplo.
Ainda a um ponto muito importante para que o trabalho em grupo seja apenas escrito ou em forma de seminário não perca a sua função, abordada no inicio deste ensaio. O ponto é relativo ao tempo disponibilizado para a realização e apresentação. Se o tema é longo, não adianta dar 10 minutos para a apresentação e se o tema é breve, também não resolve disponibilizar 20 minutos. Deve haver uma coerência entre o grupo, o assunto e o tempo para a realização da tarefa.
Concluindo este breve ensaio, quero deixar claro que não sou o dono da verdade, e dependendo do grupo ou até da turma, as atividades não saem como o esperado. O que fiz foi colocar pontos negativos e sugestões para que se tornem positivos. São sugestões testadas e que acredito quando aplicadas ao grande grupo, terão um relativo sucesso.
[1] Tenho mais horas como aluno do que urubu de vôo.
[2] O melhor é ir direto ao assunto, sem rodeios.
[3] Bota individualismo nisso!
[4] Uso as aspas por não concordar com estas classificações.
[5] Já presenciei atitudes desta natureza em minhas aulas.
[6] Para alguns nota fácil.
[7] Que absurdo não é mesmo?
[8] Não podemos saber quem trabalhou ou não.
[9] Neste caso, pode-se avaliar de forma diferencial a parte escrita;
[10] Assuntos alheios ao trabalho, é claro.
[11] Estes temas são de abordagem em aula.
[12] Este ponto delimita os pontos de abordagem, para que o aluno não se prolongue muito em detalhas pouco importantes para o momento.
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