Muito se houve falar que os jovens são da era da computação, da era da informação em alta velocidade, enfim da era digital. Sou um professor que usa e abusa da tecnologia digital, realmente sou um fã incondicional de toda e qualquer tecnologia que venha a tornar a vida mais “agradável” e funcional. Sou daqueles que quando compra um aparelho, por exemplo, o celular, leio todo o manual, antes até de adquiri-lo (baixo do site do fabricante). Procuro “tirar” do aparelho todas as vantagens possíveis. Não me contento em apenas usar o aparelho, mas sim conhecer tudo o que ele pode me oferecer. Vejo frequentemente, pessoas utilizando celulares de ultima geração e não sabem se quer como funcionam, a não ser enviar mensagens e falar. Pagam por uma tecnologia que não utilizam.
O leitor já deve ter percebido que não sou um “analfabeto digital” e tenho condições de avaliar e analisar com uma boa dose de conhecimento os trabalhos digitados recebidos e apresentados pelos alunos. Aliás o grupo dos chamados analfabetos digitais, está cada vez menor, mas existem. Mas não pensem em idosos, você irá se surpreender com a quantidade das pessoas na terceira idade que utilizam o computador para várias funções.
Quando faço trabalhos de pesquisa no Laboratório de Informática, fica claro que o nosso aluno “tecnológico” de hoje domina muito pouco a capacidade de tudo o que a tecnologia pode lhe oferecer. Como exemplo para ilustrar o que digo é o uso da internet. Quanto aos comunicadores instantâneos, são “balas”, realmente “experts”. A linguagem característica dos comunicadores e a velocidade na digitação, são marcas desta geração digital. Mas quando falamos de pesquisa na internet, do uso de apresentações de Slides, da digitação de textos, sem configuração nenhuma, fica claro que não dominam tanto assim a tecnologia que está ao seu dispor.
Quando faço trabalhos de pesquisa, e não são poucos, noto a dificuldade que os alunos possuem em montar, de maneira clara e objetiva, uma apresentação de slides. Normalmente enchem o slide com muito texto, e usam muito pouco as imagens. Muitos, inclusive não sabem como copiar uma imagem para o slide ou editor de texto. Atualmente uma ferramenta muito útil para tornar a pesquisa mais interessante e não só uma cópia pura e simples são os “WebQuest. São pesquisas direcionadas para que o aluno responda perguntas específicas, assumindo o personagem da pesquisa. Por exemplo: No tema Dengue, um aluno assume o papel do vírus, outro do mosquito e outro ainda o do infectado. O aluno terá que descobrir como deve agir o seu personagem. Num próximo artigo abordarei mais o tema de WQ.
Outra dificuldade que observo, é a maneira como pesquisam termos nos buscadores, principalmente no Google que usa o método de pesquisa “Booleana”. Muitas vezes os alunos digitam frases inteiras para pesquisas, aumentando, em muito, o número de páginas a buscar, e aí por tentativas, procuram o site correto. Outro ponto negativo é que na busca por imagens, querem achá-las no mesmo local que se encontra o texto. É a preguiça mental. Este eu creio que é o maior problema da nossa “gurizada” de hoje, mas este tema daria outro artigo.
Um local muito utilizado pela “galera” nas pesquisas é o Wikipédia. Não aconselho aos meus alunos que o utilize. É um site de código aberto, ou seja, qualquer pessoa pode incluir informações. Estas podem estar corretas ou não. Em suma, não é de confiança. Mas até aí existe uma possibilidade de se debater os conceitos abordados pelo Wikipédia, pois no fundo, existe uma verdade nos conceitos abordados, que podemos comparar com os conceitos de sites confiáveis. Recomendo sites de origem confiável, como o de universidades, enciclopédias e revistas renomadas,artigos científicos (Google acadêmico), etc. Não estão descartados, de forma alguma, os livros e revistas em papel, sempre pesquisáveis, inclusive “a luz de velas ”.
A solução, pelo menos em curto prazo, acredito que seja o aperfeiçoamento tecnológico de nós professores, orientando nossos alunos da melhor maneira possível. Não é concebível, atualmente, que professores realizem trabalhos de pesquisa com seus alunos e fiquem maravilhados, quando estes, apresentam slides com textos quilométricos e cópias puras. Também vejo professores que utilizam a tecnologia, mas de maneira equivocada ou até exagerada. Acabam transformando, por exemplo, o Laboratório de Informática em uma área de “lazer”.
Outro fator a ser considerado, e até de uma maneira bem rápida, é ao fato de proibir o “uso” do celular em aula. Esta palavra é bem ampla não é mesmo?
Quero lembrar que o celular não é só para falar e mandar mensagens. Eles apresentam aplicativos (calculadora, conversores, agenda, acesso a web, etc.). O que nós educadores necessitamos é fazer com que o aluno “use” o celular de maneira consciente. Não é proibindo que se optem sucesso, mas sim conscientizando, mas para isso, nós, necessariamente temos que dominar as tecnologias.
Enquanto ficarmos a mercê de nossos alunos no quesito tecnologia, eles, os alunos, serão direcionados a “vícios” de pesquisa e de uso da tecnologia e se acharão superiores, quando na realidade, dominam apenas parcialmente a tecnologia da sua geração.
Um comentário:
Olá, Samuca...
Interessante seu artigo, sabe que já pesquisei um pouco sobre WQ e "montamos" uma num curso do NTE, mas ainda tenho muito a aprender, aos poucos vou me interando.
Eu acho que quando você coloca que tem um número de profes que não "sabe" utilizar a sala de informática e seus recuros, concordo, porém vejo que são muitos os educadores que resistem ao trabalho com as tecnologias, exemplo disso é este curso que faço na UFSM, tem muitos colegas que estão desistindo porque temos de montar um projeto no final sobre mídias e aplicar nas escolas. Falando nisso, posso enviar este artigo aos meus colegas e tutores da UFSM e passar seu blog a eles?
Bom final de semana. Abração. Adri
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