INTRODUÇÃO
Um dos sérios problemas enfrentados pelo ensino médio, principalmente no turno da noite, é a evasão escolar. A ponto de colocar em dúvidas o funcionamento de alguns cursos noturnos.
Este problema, muito acentuado no ensino público, tem preocupado as direções de escolas que não vêem contemplados os objetivos propostos. Algumas até com um alto índice de reprovação e evasão escolar, atestando nas “entre linhas” sua ineficiência na educação.
Com o propósito de procurar entender um pouco melhor os motivos que levam um aluno a desistir, temporária ou definitivamente da escola, dediquei um bom período do meu tempo para pesquisar e produzir este ensaio.
A proposta deste trabalho e apontar algumas causas e possíveis soluções a médio e longo prazo para o problema[1]. Quero ressaltar que são apenas sugestões, pois um assunto tão complexo não é simples para ser solucionado.
Como ninguém nasce sabendo, os fundamentos que basearam este ensaio, foram obtidos através de artigos e produções científicas, extraídas da Internet, livros e revistas[2], de conversas com colegas, alguns alunos evadidos, da minha experiência como professor e como aluno evadido do ensino médio durante cinco anos.
Para um diagnóstico que relacione causa e solução com maior objetividade possível, se faz necessária a abordagem tanto do lado “professor” quanto do lado “aluno”.
LEVANTADO AS CAUSAS
A evasão escolar não é um problema recente, já se verifica há muito tempo. Lembro que algumas escolas particulares tradicionais desta cidade há algum tempo não apresentam ensino médio noturno[3]. O que levou estas escolas a tomar esta atitude?
A resposta é simples: baixa procura e/ou alto índice de evasão escolar[4]. Como são escolas que não recebem subsídios, tem de arcar com as despesas do funcionamento, como ocorre prejuízo, simplesmente desativaram o ensino médio noturno, optando pelo ensino técnico, que é o que gera mais renda.
Na realidade o perfil do aluno da escola particular e bem diferente do aluno da escola publica. Por exemplo: não necessita trabalhar, o sustento vem dos pais e possui o claro objetivo de cursar uma faculdade.
Nas instituições públicas existe o “amparo” do estado ou município, mascarando de certa forma o problema. Por isso a necessidade da abordagem mais ampla do assunto e sua conseqüente complexidade.
Usarei como método, a analise do lado do aluno, do professor e da escola.
O LADO DO ALUNO
Inicialmente é necessário que façamos um perfil do nosso aluno do noturno hoje, para que se consiga entender as causas da evasão.
O aluno do ensino médio público noturno, em sua maioria, trabalha, está na faixa etária inadequada para a série em que estuda e normalmente vive com os pais (um ou ambos). Tem na escola a visão de uma chance para melhorar o salário (profissão). A maioria só pretende terminar o ensino médio, não havendo perspectiva de ingressar no ensino superior.
O aluno trabalhador tem no emprego a sua prioridade, relegando a escola a um segundo plano. Segundo CARNEIRO, 2005:
“Pelas observações e pelos depoimentos analisados, conclui-se que dentre os impedimentos para que o aluno desenvolva com sucesso seu processo de escolarização destacam-se as pequenas empresas, informais ou não, de todos os ramos de atividades, as quais, ao arrepio da lei, salvo raras exceções (as que se preocupam em ter responsabilidade social), com seu descompromisso social criam entraves para que o aluno não freqüente regularmente a escola.”
Repare que este ponto nos leva a um paradigma, pois sendo o aluno trabalhador e querendo melhorar financeiramente, deveria dar mais importância para o estudo.
Mas o que leva este aluno do noturno ter este perfil de comportamento?
Estamos falando de uma pessoa que, trabalhadora ou não, chega no turno da noite tendo uma atividade durante todo o dia. A grande maioria dos profissionais graduados pelo ensino superior freqüentou a escola noturna. Inclusive nós professores. Se lembrarmos do “nosso tempo”, enquanto aluno, veremos que não foi muito diferente a nossa reação ao ensino. Nosso objetivo... Passar. Muitas vezes chegávamos cansados e outras vezes desmotivados.
Mas o que realmente mudou neste perfil?
Certamente as opções de estudo. A tempos atrás ou você concluía o ensino básico ou simplesmente não estudava. Hoje em dia, além dos cursos técnicos, pagos ou gratuitos e muitas vezes financiados pelo empregador[5], existem mecanismos que facilitam a formação do ensino básico, como o supletivo e a progressão parcial. O aluno muitas vezes “opta” por abandonar determinadas matérias a fim de concluí-las mais adiante[6], já que não vê perspectivas de cursar uma faculdade, não tem pressa em concluir o ensino básico.
Outro ponto importante do perfil do aluno do noturno[7] é o real uso do que ele está aprendendo na escola. Se um aluno que não tem a perspectiva de um curso superior, houve de um professor que é importante àquela matéria para o vestibular, ele certamente irá se desinteressar pelo assunto.
Lembremos, novamente, do nosso tempo de aluno, se o professor dissesse que esta matéria não iria “cair” na prova, nós a estudaríamos?
Mesmo que o aluno venha a decidir em fazer um vestibular, ele poderá fazer um dos tantos cursos de pré-vestibular, que, aliás, são os que realmente preparam o aluno para o concurso vestibular onde a competição é mais acirrada.
Ainda com relação ao uso do que o aluno aprende, é importantíssimo que ele ache um uso prático para o que está aprendendo, só assim ele conseguirá resolver o maior dos problemas atuais no ensino que é PRIORIDADE do estudo. Esta é uma das razões que muitos alunos preferem o imediatismo de um curso técnico, onde efetivamente irão utilizar o que aprendem.
Devemos considerar como “agravantes” neste processo de evasão, o fato do turno da noite oferecer várias opções alternativas em relação à escola, como cinema, festas, bares, etc. O diurno já não oferece tais opções. Na maioria das vezes o aluno sai de casa com a intenção de realmente vir ao colégio, mas ao tomar conhecimento de outro “programa” melhor acaba desistindo. Às vezes até estimulado pelos colegas.
Observo, ao dirigir-me à escola, que muitas vezes os alunos ficam parados na frente do prédio, conversando sem a preocupação de assistirem as aulas. A impressão que tenho, é a de que eles ficam esperando o surgimento de outra opção, como desculpa, para não freqüentarem a aula. Novamente a PRIORIDADE errada para o momento.
Nesta análise concisa, apenas considerei o perfil da maioria dos alunos. Não me detive em exceções à regra (extremos) como, por exemplo, aqueles alunos que são dedicados ao estudo e que podem sofrer uma breve queda em seu entusiasmo. Ou ainda aqueles que assistem a primeira semana de aula e depois “desaparecem” do mapa.
O LADO DO PROFESSOR
È importante nesta análise, verificar até que ponto o professor pode influenciar ou evitar a evasão escolar do noturno.
Não podemos esquecer que o professor do noturno, também é um trabalhador durante o dia. Atua como professor ou em outra função. Também pode ter estímulos negativos que façam com que “relaxe” o ensino. Os professores não são “deuses” muito menos pessoas incansáveis.
Devemos saber os nossos limites. Se todos estão desmotivados o interesse pela aula será muito fraco, permitindo uma evasão daquele aluno com incertezas sobre o estudo.
Muitas vezes deixamos de prestar a atenção em alunos desinteressados em razão de outros mais interessados; É aquela história de “dar aula só para os alunos da frente”.
SUGESTÃO DE SOLUÇÕES
É muito importante que o professor diagnostique um possível aluno candidato a evasão. Uma boa tática é conversar com os colegas a respeito de alunos cuja freqüência está elevada. Se for diagnosticada falta em várias matérias, deve ser comunicado à Orientação Educacional para medidas preventivas.
Outra idéia interessante é tornar as aulas mais atrativas, mesmo que se use de artifícios não convencionais. Mas uma coisa eu tenho certeza, é de suma importância a relação de amizade-confiança entre o professor e o aluno. Falar abertamente com sinceridade, sem ferir o orgulho, sobre o caminho errado que o aluno está tomando quando fala em desistir.
O mais importante de tudo é que somente o aluno vai desistir da idéia da evasão quando a “ficha cair” o que muitas vezes independe da vontade do professor ou dos colegas.
O que nós professores devemos fazer é reciclar nossos conteúdos fazendo que os alunos do noturno realmente achem um uso efetivo do que ensinamos e não só com a desculpa de que vão prestar um vestibular, quando em sua maioria se quer o fazem.
Não podemos culpar professores ou alunos pela evasão, pois como já disse é um problema muito complexo. Mas um bom começo é a mudança de postura no ensino noturno do aluno, dando a devida prioridade que o ensino merece e do professor, mudando sua postura como educador que deseja muito mais do que somente alunos que passem de ano.
[1] Logo veremos que a solução não é mágica(curto prazo).
[2] Ver nas referências bibliográficas.
[3] São Luiz, Mauá, Dom Alberto (antigo Sagrado Coração) e Educar-se.
[4] Por se tratar de ensino pago, aliás, bem pago. Quem tem condições hoje de estudar a noite, trabalhando e pagando uma mensalidade alta? Muito poucos
[5] Estimulando o aluno a não freqüentar o ensino regular.
[6] Por esta razão muitas vezes passa por evadido, quando na pratica não o é.
[7] E por que não do diurno também.
Um dos sérios problemas enfrentados pelo ensino médio, principalmente no turno da noite, é a evasão escolar. A ponto de colocar em dúvidas o funcionamento de alguns cursos noturnos.
Este problema, muito acentuado no ensino público, tem preocupado as direções de escolas que não vêem contemplados os objetivos propostos. Algumas até com um alto índice de reprovação e evasão escolar, atestando nas “entre linhas” sua ineficiência na educação.
Com o propósito de procurar entender um pouco melhor os motivos que levam um aluno a desistir, temporária ou definitivamente da escola, dediquei um bom período do meu tempo para pesquisar e produzir este ensaio.
A proposta deste trabalho e apontar algumas causas e possíveis soluções a médio e longo prazo para o problema[1]. Quero ressaltar que são apenas sugestões, pois um assunto tão complexo não é simples para ser solucionado.
Como ninguém nasce sabendo, os fundamentos que basearam este ensaio, foram obtidos através de artigos e produções científicas, extraídas da Internet, livros e revistas[2], de conversas com colegas, alguns alunos evadidos, da minha experiência como professor e como aluno evadido do ensino médio durante cinco anos.
Para um diagnóstico que relacione causa e solução com maior objetividade possível, se faz necessária a abordagem tanto do lado “professor” quanto do lado “aluno”.
LEVANTADO AS CAUSAS
A evasão escolar não é um problema recente, já se verifica há muito tempo. Lembro que algumas escolas particulares tradicionais desta cidade há algum tempo não apresentam ensino médio noturno[3]. O que levou estas escolas a tomar esta atitude?
A resposta é simples: baixa procura e/ou alto índice de evasão escolar[4]. Como são escolas que não recebem subsídios, tem de arcar com as despesas do funcionamento, como ocorre prejuízo, simplesmente desativaram o ensino médio noturno, optando pelo ensino técnico, que é o que gera mais renda.
Na realidade o perfil do aluno da escola particular e bem diferente do aluno da escola publica. Por exemplo: não necessita trabalhar, o sustento vem dos pais e possui o claro objetivo de cursar uma faculdade.
Nas instituições públicas existe o “amparo” do estado ou município, mascarando de certa forma o problema. Por isso a necessidade da abordagem mais ampla do assunto e sua conseqüente complexidade.
Usarei como método, a analise do lado do aluno, do professor e da escola.
O LADO DO ALUNO
Inicialmente é necessário que façamos um perfil do nosso aluno do noturno hoje, para que se consiga entender as causas da evasão.
O aluno do ensino médio público noturno, em sua maioria, trabalha, está na faixa etária inadequada para a série em que estuda e normalmente vive com os pais (um ou ambos). Tem na escola a visão de uma chance para melhorar o salário (profissão). A maioria só pretende terminar o ensino médio, não havendo perspectiva de ingressar no ensino superior.
O aluno trabalhador tem no emprego a sua prioridade, relegando a escola a um segundo plano. Segundo CARNEIRO, 2005:
“Pelas observações e pelos depoimentos analisados, conclui-se que dentre os impedimentos para que o aluno desenvolva com sucesso seu processo de escolarização destacam-se as pequenas empresas, informais ou não, de todos os ramos de atividades, as quais, ao arrepio da lei, salvo raras exceções (as que se preocupam em ter responsabilidade social), com seu descompromisso social criam entraves para que o aluno não freqüente regularmente a escola.”
Repare que este ponto nos leva a um paradigma, pois sendo o aluno trabalhador e querendo melhorar financeiramente, deveria dar mais importância para o estudo.
Mas o que leva este aluno do noturno ter este perfil de comportamento?
Estamos falando de uma pessoa que, trabalhadora ou não, chega no turno da noite tendo uma atividade durante todo o dia. A grande maioria dos profissionais graduados pelo ensino superior freqüentou a escola noturna. Inclusive nós professores. Se lembrarmos do “nosso tempo”, enquanto aluno, veremos que não foi muito diferente a nossa reação ao ensino. Nosso objetivo... Passar. Muitas vezes chegávamos cansados e outras vezes desmotivados.
Mas o que realmente mudou neste perfil?
Certamente as opções de estudo. A tempos atrás ou você concluía o ensino básico ou simplesmente não estudava. Hoje em dia, além dos cursos técnicos, pagos ou gratuitos e muitas vezes financiados pelo empregador[5], existem mecanismos que facilitam a formação do ensino básico, como o supletivo e a progressão parcial. O aluno muitas vezes “opta” por abandonar determinadas matérias a fim de concluí-las mais adiante[6], já que não vê perspectivas de cursar uma faculdade, não tem pressa em concluir o ensino básico.
Outro ponto importante do perfil do aluno do noturno[7] é o real uso do que ele está aprendendo na escola. Se um aluno que não tem a perspectiva de um curso superior, houve de um professor que é importante àquela matéria para o vestibular, ele certamente irá se desinteressar pelo assunto.
Lembremos, novamente, do nosso tempo de aluno, se o professor dissesse que esta matéria não iria “cair” na prova, nós a estudaríamos?
Mesmo que o aluno venha a decidir em fazer um vestibular, ele poderá fazer um dos tantos cursos de pré-vestibular, que, aliás, são os que realmente preparam o aluno para o concurso vestibular onde a competição é mais acirrada.
Ainda com relação ao uso do que o aluno aprende, é importantíssimo que ele ache um uso prático para o que está aprendendo, só assim ele conseguirá resolver o maior dos problemas atuais no ensino que é PRIORIDADE do estudo. Esta é uma das razões que muitos alunos preferem o imediatismo de um curso técnico, onde efetivamente irão utilizar o que aprendem.
Devemos considerar como “agravantes” neste processo de evasão, o fato do turno da noite oferecer várias opções alternativas em relação à escola, como cinema, festas, bares, etc. O diurno já não oferece tais opções. Na maioria das vezes o aluno sai de casa com a intenção de realmente vir ao colégio, mas ao tomar conhecimento de outro “programa” melhor acaba desistindo. Às vezes até estimulado pelos colegas.
Observo, ao dirigir-me à escola, que muitas vezes os alunos ficam parados na frente do prédio, conversando sem a preocupação de assistirem as aulas. A impressão que tenho, é a de que eles ficam esperando o surgimento de outra opção, como desculpa, para não freqüentarem a aula. Novamente a PRIORIDADE errada para o momento.
Nesta análise concisa, apenas considerei o perfil da maioria dos alunos. Não me detive em exceções à regra (extremos) como, por exemplo, aqueles alunos que são dedicados ao estudo e que podem sofrer uma breve queda em seu entusiasmo. Ou ainda aqueles que assistem a primeira semana de aula e depois “desaparecem” do mapa.
O LADO DO PROFESSOR
È importante nesta análise, verificar até que ponto o professor pode influenciar ou evitar a evasão escolar do noturno.
Não podemos esquecer que o professor do noturno, também é um trabalhador durante o dia. Atua como professor ou em outra função. Também pode ter estímulos negativos que façam com que “relaxe” o ensino. Os professores não são “deuses” muito menos pessoas incansáveis.
Devemos saber os nossos limites. Se todos estão desmotivados o interesse pela aula será muito fraco, permitindo uma evasão daquele aluno com incertezas sobre o estudo.
Muitas vezes deixamos de prestar a atenção em alunos desinteressados em razão de outros mais interessados; É aquela história de “dar aula só para os alunos da frente”.
SUGESTÃO DE SOLUÇÕES
É muito importante que o professor diagnostique um possível aluno candidato a evasão. Uma boa tática é conversar com os colegas a respeito de alunos cuja freqüência está elevada. Se for diagnosticada falta em várias matérias, deve ser comunicado à Orientação Educacional para medidas preventivas.
Outra idéia interessante é tornar as aulas mais atrativas, mesmo que se use de artifícios não convencionais. Mas uma coisa eu tenho certeza, é de suma importância a relação de amizade-confiança entre o professor e o aluno. Falar abertamente com sinceridade, sem ferir o orgulho, sobre o caminho errado que o aluno está tomando quando fala em desistir.
O mais importante de tudo é que somente o aluno vai desistir da idéia da evasão quando a “ficha cair” o que muitas vezes independe da vontade do professor ou dos colegas.
O que nós professores devemos fazer é reciclar nossos conteúdos fazendo que os alunos do noturno realmente achem um uso efetivo do que ensinamos e não só com a desculpa de que vão prestar um vestibular, quando em sua maioria se quer o fazem.
Não podemos culpar professores ou alunos pela evasão, pois como já disse é um problema muito complexo. Mas um bom começo é a mudança de postura no ensino noturno do aluno, dando a devida prioridade que o ensino merece e do professor, mudando sua postura como educador que deseja muito mais do que somente alunos que passem de ano.
[1] Logo veremos que a solução não é mágica(curto prazo).
[2] Ver nas referências bibliográficas.
[3] São Luiz, Mauá, Dom Alberto (antigo Sagrado Coração) e Educar-se.
[4] Por se tratar de ensino pago, aliás, bem pago. Quem tem condições hoje de estudar a noite, trabalhando e pagando uma mensalidade alta? Muito poucos
[5] Estimulando o aluno a não freqüentar o ensino regular.
[6] Por esta razão muitas vezes passa por evadido, quando na pratica não o é.
[7] E por que não do diurno também.
2 comentários:
oiiii sorrrrr
tomara naum tirarem o noturno pq isso seria mto ruim pra tds
bjsss
Tenho interesse por este tema. Quem teria mais e melhores informações?
alcindol@yahoo.com.br
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