A ESCOLA, O COMPUTADOR E A INTERNET

Há poucos dias li a reportagem publicada aqui na Gazeta do Sul (28/12/2009) sobre uma pesquisa relacionada ao uso do computador nas escolas. Segundo a reportagem “Entre as instituições de ensino, 98% tem computador e 83% acesso a internet com conexão banda larga. Mas em poucas escolas os equipamentos são utilizados de forma eficiente na melhoria da aprendizagem”. Estes dados se referem a 400 escolas estaduais em 13 capitais.

Pois bem, vamos analisar por partes:

O EQUIPAMENTO:

Realmente muitas escolas, inclusive as do interior, possuem laboratórios de informática com equipamentos em quantidade satisfatória. Mas como os computadores são equipamentos sensíveis necessitam de revisão e atualização periódicas. O laboratório é equipado, mas os responsáveis por este fornecimento (os governos) não oferecem suporte para a assistência técnica, ou seja: verba. A maioria dos proprietários de computadores, desktop ou laptop sabem que frequentemente investem no reparo do seu equipamento. Imagine um equipamento onde várias pessoas utilizam. Sempre brinco que um computador de labioratório de informática é como um automóvel de empresa, onde todos usam... problemas ocorrerão.

A parte de Hardware e periféricos deve constantemente ser avaliada, e em escolas públicas onde a verba é fornecida pelo estado, devem incluir junto com o fornecimento do equipamento a verba para a manutenção. Isto deve ser “casado”. Considerando que muitos alunos possuem equipamento melhor e com manutenção constante o trabalho no laboratório não se torna atrativo, dificultando a ação do professor.

O PROFESSOR

Já escrevi em outros artigos qual o verdadeiro papel do professor no laboratório de informática. Mas reforço aqui que laboratório (qualquer que seja Ciências ou Informática) não é área de lazer, mas sim sala de aula. O professor ao levar seus alunos no laboratório deve possuir um plano de atividades bem claro e específico, este é o segundo problema que fatalmente contribui para os dados da pesquisa. Se o laboratório possuir um profissional que realmente entenda de informática ( o que é raro) o professor deve solicitar o seu auxílio nesta tarefa, se não, procurar se informar ao máximo possível de atividades já realizadas por outros colegas, e a Internet é rica em exemplos..

Entro aí no terceiro problema que é a falta de profissionais específicos na área de informática. Embora exista a capacitação de professores (eu inclusive estou fazendo um pós relacionado ao assunto) normalmente são profissionais que já atuam em outras áreas além da informática o que dificulta o trabalho de forma exclusiva com o tema. Atenção estudantes de informática que tal estágios ou monitoria em escolas estaduais?

Outro problema que verifico é a falta de interesse dos professores em aprimorar-se no assunto relativo à informática. Para se ter uma idéia, proporcionei um mini curso de informática básica para colegas em horário alternativo (18h às 19h). Num total de 80 professores, 17 se inscreveram, mas somente 8 frequentaram o curso.

O ALUNO

Este é um problema bastante complexo, que inclusive, também já abordei em outros artigos. O nosso aluno quando entra no laboratório, normalmente já está predisposto a “copiar e colar” alguma coisa. Como muitos possuem internet com alta velocidade em casa, já entram pensando em: “vou enrolar aqui no laboratório e faço a atividade em casa”.

Outro “rolo” é que a quantidade de computadores normalmente permite a atividade em duplas ou trios. Em, outras palavras: um trabalha e os outros ficam olhando. Os alunos que não trabalham acabam sendo desmotivados e até o professor acaba se frustrando com a atividade.

A INTERNET

Hoje já está mais do que comprovado que a internet faz parte do nosso dia a dia. Cabe ao professor, não importa a área de sua especialização que conheça e domine esta ferramenta. Ela está aí e é necessário que saibamos utilizá-la da melhor maneira possível, é como o quadro ou os livros. Alguns os usam de maneira eficiente e outros não.

SOLUÇÕES

Como apenas levantei problemas, que com certeza influíram no resultado da pesquisa, aponto aqui caminhos para tentarmos solucionar este revés.

Quanto aos equipamentos já deixei claro a necessidade do governo de destinar verbas exclusivas parta a manutenção dos equipamentos de forma a continuar com o estímulo ao uso da informática no ensino.

Ao professor cabe descobrir e adaptar ferramentas (webquest, etc.)para que o aluno se interesse pela internet não apenas pelos comunicadores (Orkut, MSN, etc.), mas como ferramenta para o seu aprimoramento nos estudos, no dia a dia e finalmente na vida (coisa que o aluno descobre apenas na universidade).

Ao aluno cabe o papel de não encarar o laboratório como um momento “fora da sala de aula” e concluir que aquele momento é na realidade um complemento importante no seu desenvolvimento educacional.