Muito se houve sobre a importância da interdisciplinaridade nas escolas, da colaboração entre colegas professores de diferentes áreas para que levemos a efeito uma proveitosa, e porque não dizer, prazerosa atividade escolar, tanto para professores quanto para alunos.
O que noto, mesmo nas escolas que se dizem interdisciplinadoras, é uma ausência desta prática, ou o que é pior, uma “falsa” interdisciplinaridade.
Para que ocorra este mecanismo educacional, primeiramente os conteúdos interdisciplinares devem estar conectados. Devem trabalhar os mesmos temas na mesma época. Então o que deveria ser feito é uma alteração nos conteúdos programáticos das escolas de forma radical.
Repare que disse, radical. Mas será isto possível? Como todas as “matérias” podem interligar-se? Isso será o ano inteiro? Como avaliar?
Vamos devagar, uma pergunta de cada vez, é mais fácil.
Da forma como se quer fazer a interdisciplinaridade hoje, não é possível que ela ocorra efetivamente. Primeiro porque cada professor quer “puxar a brasa” para o seu assado, querendo que os outros professores sigam o tema que julga importante. Segundo, porque existem diferenças muito grandes entre os assuntos das matérias. Nem sempre posso usar a matemática para explicar a Biologia, ou vice-versa.
Não gosto de generalizações, pois elas não são confiáveis. A interdisciplinaridade não funciona com todos as matérias. Ela deve ser efetivada através de blocos específicos, em momentos específicos. O que quero dizer, é que não podemos ter escolas interdisciplinares, apenas momentos interdisciplinares.
Estes momentos serão definidos a partir de um tema, que denomino “carro chefe” do momento interdisciplinar, proposto por um ou mais professores, que relevarão quais as disciplinas podem adequar-se ao tema. Isto tudo definido antes do inicio do ano escolar, através das reuniões para definição dos conteúdos a trabalhar.
Não podemos deixar de relevar a importância da avaliação do momento interdisciplinar. De acordo com o estipulado pelos professores, esta avaliação pode ter, ou não “pesos” diferentes, levando em conta o grau de exigência do conhecimento do aluno em cada matéria (disciplina). Este fator é extremamente flexível, mas deve ser comunicado aos alunos.
Sou da opinião que não podemos exigir de nossos alunos um completo domínio de todos os assuntos. Não podemos esquecer de que os estudantes devem se preocupar com vários conteúdos de diferentes disciplinas. Eles não possuem tempo exclusivo para a nossa disciplina.
Quando falamos de alunos do turno da noite, o assunto realmente se torna mais complicado.
Um fator a ser considerado é que o aluno do noturno normalmente trabalha durante o dia[1] e dificilmente terá condição para realizar várias atividades interdisciplinares. Existe um “pacto” não falado em “pegar mais leve[2]” com os alunos do noturno.
Significa sincronizar as atividades para os períodos de aula, minimizando os trabalhos fora da hora escolar.
Acredito na interdisciplinaridade, só que para que ela seja efetivamente objetiva, deve haver uma completa mudança radical no entender do professor e do aluno.
CONCLUSÃO
Não tenho nenhuma dúvida em afirmar que a educação não está em frangalhos, como afirmam alguns. Trata-se apenas de um período de transição em que, a meu ver, existe um conflito tecnológico[3] entre o que os professores querem ensinar e o que os alunos realmente querem aprender.
O que noto, é a relutância entre muitos professores em mudar a sua técnica e de muitos alunos que encaram o estudo como mera obrigação exigida pela família ou por uma melhor colocação no mercado de trabalho[4].
Enquanto houver esta discrepância ideológica, os professores continuarão a exigir o que julgam “melhor” para os seus alunos, e estes continuarão a encarar o estudo como mera obrigação.
Existem uns poucos professores e em menor quantidade, alunos, que realmente dedicam-se ao máximo para que os dias escolares realmente sejam proveitosos no que diz respeito ao aprendizado.
Enquanto existir esta chama de ensino, torcemos para que haja o envolvimento cada vez maior de professores e alunos no ensino-aprendizagem.
Quando entendermos a escola como extensão do lar e não como um “tapa furo” do ensino domiciliar, poderemos, nós professores, preocuparmo-nos com a formação educacional dos nossos alunos e obviamente com o apoio dos pais e conseqüentemente da sociedade.
Hoje o que se nota, é uma tendência dos pais criticarem os professores e estes devolverem a critica aos pais. Não há duvidas que no final das contas, ambas as partes têem a sua parcela de culpa no processo, quando este não funciona. Da mesma forma, quando professores culpam alunos e estes os professores. Se algo não funciona bem a culpa não pode ser só de um dos lados.
É muito simples criticar-se a educação como um todo. No meu entendimento é muito fácil culpar-se as entidades (governo, escolas, crise...) porque não há um responsável direto. Pois o erro não é de entidades, mas sim de pessoas, seres concretos que erram e não instituições.
Considerando isto, agora posso reafirmar o que disse antes: Não é o ensino que está defasado, são as pessoas que devem comprometer-se com o processo ensino – aprendizagem, atualizando-se.
Negar a existência tecnológica como forma de bloquear o ensino com alegações do tipo: “Eles vão copiar tudo da internet” é mera ignorância do passado educacional, pois quem hoje “copia” da internet, ontem copiava dos livros, com a diferença que a escrita era a próprio punho.
Para evitar este tipo de “irregularidade” crie normas, distribua temas diferenciados.
Finalmente[5] , a real intenção de escrever este ensaio, foi o de divulgar as minhas idéias, corretas ou não[6] sobre alguns temas educacionais. Este é o inicio do que poderá vir a ser um livro mais completo para o futuro.
Tive como principais pontos de apoio a experiência educacional do dia a dia como professor do ensino fundamental e médio. Trabalho com alunos de diferentes idades desde a sexta série do fundamental até a terceira série do ensino médio. Também considerei (e muito) a minha experiência, longa, como aluno. Pois acredito que todo o professor, que quiser realmente ser um bom professor, deverá, antes de tudo, pensar como um aluno.
Quando preparo uma aula tenho um único pensamento: SE EU FOSSE UM ALUNO, COMO GOSTARIA DE APRENDER?
Gostaria que este ensaio “ligasse” uma luz para os colegas e para que os alunos considerarem o ensino médio não como mera obrigação, mas como um prazer. Como uma pequena etapa da vida de um individuo íntegro.
[1] Muitas vezes oito ou mais horas por dia.
[2] Alguns colegas negam insistentemente este “pacto”, mas no seu intimo não exigem tanto quanto no diurno.
[3] Daria outro artigo com relevante importância.
[4] Quanto mais estudo, maior a possibilidade de ganhar um salário maior.
[5] Daqui a pouco estarei escrevendo um novo artigo.
[6] Não sou o dono da verdade.
O que noto, mesmo nas escolas que se dizem interdisciplinadoras, é uma ausência desta prática, ou o que é pior, uma “falsa” interdisciplinaridade.
Para que ocorra este mecanismo educacional, primeiramente os conteúdos interdisciplinares devem estar conectados. Devem trabalhar os mesmos temas na mesma época. Então o que deveria ser feito é uma alteração nos conteúdos programáticos das escolas de forma radical.
Repare que disse, radical. Mas será isto possível? Como todas as “matérias” podem interligar-se? Isso será o ano inteiro? Como avaliar?
Vamos devagar, uma pergunta de cada vez, é mais fácil.
Da forma como se quer fazer a interdisciplinaridade hoje, não é possível que ela ocorra efetivamente. Primeiro porque cada professor quer “puxar a brasa” para o seu assado, querendo que os outros professores sigam o tema que julga importante. Segundo, porque existem diferenças muito grandes entre os assuntos das matérias. Nem sempre posso usar a matemática para explicar a Biologia, ou vice-versa.
Não gosto de generalizações, pois elas não são confiáveis. A interdisciplinaridade não funciona com todos as matérias. Ela deve ser efetivada através de blocos específicos, em momentos específicos. O que quero dizer, é que não podemos ter escolas interdisciplinares, apenas momentos interdisciplinares.
Estes momentos serão definidos a partir de um tema, que denomino “carro chefe” do momento interdisciplinar, proposto por um ou mais professores, que relevarão quais as disciplinas podem adequar-se ao tema. Isto tudo definido antes do inicio do ano escolar, através das reuniões para definição dos conteúdos a trabalhar.
Não podemos deixar de relevar a importância da avaliação do momento interdisciplinar. De acordo com o estipulado pelos professores, esta avaliação pode ter, ou não “pesos” diferentes, levando em conta o grau de exigência do conhecimento do aluno em cada matéria (disciplina). Este fator é extremamente flexível, mas deve ser comunicado aos alunos.
Sou da opinião que não podemos exigir de nossos alunos um completo domínio de todos os assuntos. Não podemos esquecer de que os estudantes devem se preocupar com vários conteúdos de diferentes disciplinas. Eles não possuem tempo exclusivo para a nossa disciplina.
Quando falamos de alunos do turno da noite, o assunto realmente se torna mais complicado.
Um fator a ser considerado é que o aluno do noturno normalmente trabalha durante o dia[1] e dificilmente terá condição para realizar várias atividades interdisciplinares. Existe um “pacto” não falado em “pegar mais leve[2]” com os alunos do noturno.
Significa sincronizar as atividades para os períodos de aula, minimizando os trabalhos fora da hora escolar.
Acredito na interdisciplinaridade, só que para que ela seja efetivamente objetiva, deve haver uma completa mudança radical no entender do professor e do aluno.
CONCLUSÃO
Não tenho nenhuma dúvida em afirmar que a educação não está em frangalhos, como afirmam alguns. Trata-se apenas de um período de transição em que, a meu ver, existe um conflito tecnológico[3] entre o que os professores querem ensinar e o que os alunos realmente querem aprender.
O que noto, é a relutância entre muitos professores em mudar a sua técnica e de muitos alunos que encaram o estudo como mera obrigação exigida pela família ou por uma melhor colocação no mercado de trabalho[4].
Enquanto houver esta discrepância ideológica, os professores continuarão a exigir o que julgam “melhor” para os seus alunos, e estes continuarão a encarar o estudo como mera obrigação.
Existem uns poucos professores e em menor quantidade, alunos, que realmente dedicam-se ao máximo para que os dias escolares realmente sejam proveitosos no que diz respeito ao aprendizado.
Enquanto existir esta chama de ensino, torcemos para que haja o envolvimento cada vez maior de professores e alunos no ensino-aprendizagem.
Quando entendermos a escola como extensão do lar e não como um “tapa furo” do ensino domiciliar, poderemos, nós professores, preocuparmo-nos com a formação educacional dos nossos alunos e obviamente com o apoio dos pais e conseqüentemente da sociedade.
Hoje o que se nota, é uma tendência dos pais criticarem os professores e estes devolverem a critica aos pais. Não há duvidas que no final das contas, ambas as partes têem a sua parcela de culpa no processo, quando este não funciona. Da mesma forma, quando professores culpam alunos e estes os professores. Se algo não funciona bem a culpa não pode ser só de um dos lados.
É muito simples criticar-se a educação como um todo. No meu entendimento é muito fácil culpar-se as entidades (governo, escolas, crise...) porque não há um responsável direto. Pois o erro não é de entidades, mas sim de pessoas, seres concretos que erram e não instituições.
Considerando isto, agora posso reafirmar o que disse antes: Não é o ensino que está defasado, são as pessoas que devem comprometer-se com o processo ensino – aprendizagem, atualizando-se.
Negar a existência tecnológica como forma de bloquear o ensino com alegações do tipo: “Eles vão copiar tudo da internet” é mera ignorância do passado educacional, pois quem hoje “copia” da internet, ontem copiava dos livros, com a diferença que a escrita era a próprio punho.
Para evitar este tipo de “irregularidade” crie normas, distribua temas diferenciados.
Finalmente[5] , a real intenção de escrever este ensaio, foi o de divulgar as minhas idéias, corretas ou não[6] sobre alguns temas educacionais. Este é o inicio do que poderá vir a ser um livro mais completo para o futuro.
Tive como principais pontos de apoio a experiência educacional do dia a dia como professor do ensino fundamental e médio. Trabalho com alunos de diferentes idades desde a sexta série do fundamental até a terceira série do ensino médio. Também considerei (e muito) a minha experiência, longa, como aluno. Pois acredito que todo o professor, que quiser realmente ser um bom professor, deverá, antes de tudo, pensar como um aluno.
Quando preparo uma aula tenho um único pensamento: SE EU FOSSE UM ALUNO, COMO GOSTARIA DE APRENDER?
Gostaria que este ensaio “ligasse” uma luz para os colegas e para que os alunos considerarem o ensino médio não como mera obrigação, mas como um prazer. Como uma pequena etapa da vida de um individuo íntegro.
[1] Muitas vezes oito ou mais horas por dia.
[2] Alguns colegas negam insistentemente este “pacto”, mas no seu intimo não exigem tanto quanto no diurno.
[3] Daria outro artigo com relevante importância.
[4] Quanto mais estudo, maior a possibilidade de ganhar um salário maior.
[5] Daqui a pouco estarei escrevendo um novo artigo.
[6] Não sou o dono da verdade.
2 comentários:
Olá, Profe. Cortez...
Sabe que lendo seu texto penso que poderia ser gremiodisciplinaridade, he,he,he (brincadeira)...
Bom, sabe que já realizei diversas leituras sobre este assunto porque sou um tanto adepta ao interdisciplinar porque penso que isso nos leva a diferentes olhares,mas como você mesmo diz: para se ter um projeto interdisciplinar é necessário ter um MOMENTO interdisciplinar, né... isto é: instantes de reflexão, ação, diálogo, compromisso, atitude, enfim, idéias, argumentos, planejamento, construção.
Acho que acima de tudo a interdisciplinaridade se caracteriza como uma abordagem muito positiva no cotidiano escolar dos profissionais comprometidos ( e você caro colega é um desses profes) com a educação e que não são acomodados pois a mesma exige planejamento e ai vamos gerando novas idéias e novos caminhos a partir dos resultados que vamos atingindo com a união e com a construção do saber que algumas disciplinas propiciam a fim de levar o aluno a tornar-se mais curioso, crítico e envolvido nos estudos.
Por isso a importância de se trabalhar de forma interdisciplinar com PLANEJAMENTO, se não a coisa não funciona e fica tudo fragmentado, é preciso parceria...
Abraço. Adri
Oi, Prof. Samuel!
Acho importantíssimo esse assunto...
Interdisciplinaridade... como?
Não é necessário que todos os professores desenvolvam sempre sobre o mesmo conteúdo. É importante, porém que ele saiba qual o planejamento dos colegas, se é possível envolver sua disciplina em algum momento.
Cito como exemplo a fruta romã: ela é dividida em gomos (disciplinas) envoltos numa película transparente e por ela podemos ver cada grãozinho (conteúdos) no seu interior,istó é, devo ter conhecimento do conteúdo que os demais estão trabalhando e, qd surgir oportunidade, envolver a minha disciplina no assunto.
Os alunos vão gostar e darão mais importância p/ o conteúdo desenvolvido, pois outros professores abordarão por outros ângulos o mesmo assunto, podendo tb trocar idéias c/ prof. de outras disciplinas.
Sucesso p/ o ano letivo de 2009
Marlene
Supervisora
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